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UNIVAP - UESPI - Teresina

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Caracterização de nanocompósitos de carbonos e hidroxiapatita eletrodepositado

Francilio de Carvalho Oliveira

O estudo da caracterização e da aplicabilidade dos nanocompósitos vem despertando o interesse da comunidade cientifica, pelo fato da melhoria em suas propriedades física, química e físico-quimica, quando comparados com os compósitos convencionais (Moraes et all 2014).
Entre os materiais a serem utilizados na confecção dos nanocompósitos estão os nanotubos de carbono (NTC), que deste a sua descoberta em 1991, vem atraindo interesse da comunidade cientifica especializada, por apresentar vastas aplicações, devido o seu comportamento eletrônico, a alta resistência à oxidação e temperatura, baixa densidade e excelente condutividade térmica e elétrica (Oliveira et all 2015). Promovendo um aumento ou melhora da estabilidade química, da resistência mecânica e da facilitação para incorporação de grupos funcionais, onde poderão propiciar a produção de diversos materiais, em especial para nosso estudo, arcabouços para sustentação celular (Kalinke et all 2014).
Os NTCs são uma forma alotrópica do carbono caracterizada pelo enrolamento de uma ou várias folhas de grafeno de forma concêntrica e cilíndrica, e com cavidade interna oca, conforme pode ser observado na figura 01.
Figura 01: Estrutura do Nanotubos de carbono. (Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br)
O enrolamento das folhas de NTC dá origem aos dois tipos de nanotubos existentes (Figura 02): os de parede simples (SWCNT), formados por uma única folha de grafeno enrolada sobre si mesma para formar um tubo cilíndrico, e os de paredes múltiplas (MWCNT), formados por um conjunto de nanotubos concêntricos com diâmetros decrescentes arranjados de forma coaxial (Kalinke et all 2014;  Zarbin 2007).


Figura 02 - Representação esquemática da estrutura de nanotubos de carbono (a) nanotubo de parede simples,(b) nanotubo de parede múltipla.  (fonte: http://rede.novaescolaclube.org.br/sites/default/files/importadas/2013/10/07/2000/LfC4j/figura-2.png

 A versatilidade desses materiais permite que sejam explorados em diferentes áreas de pesquisa e aplicação, dentre elas a área da saúde, em especial, médica e/ou odontológica, devido as todas as propriedades já relatadas, assim como a sua característica em poder induzir o aumento de adesão e proliferação de algumas células, tais como, os odontoblastos e os fibroblastos, além de atuar sobre o efeito de nucleação de hidroxiapatita e iniciadores de precipitação de apatita (Santos et all  2015)
A hidroxiapatita (HAP) possui grande destaque diante de outras biocerâmicas, devido principalmente à similaridade com o principal componente presente na fase mineral do osso. (Rigo,  et all 2007; Reis et all 2012; Amaral et all 2013). Verifica-se a predominância dos elementos químicos cálcio e fosforo em sua fórmula molecular (Ca10(PO4) 6(OH)2 ).  Em sua forma natural é encontrado em rochas ígneas, metamórficas e em solos calcários. Sinteticamente vem sendo produzida desde o início dos anos 70 e tem sido usada clinicamente desde o início dos anos 80, na forma isolada, ou combinada com outros componentes gerando compósitos ou nanocompósitos (Pereira, 2014; Oliveira et all; 2015 ).
Os compósitos de nanotubos podem ser fabricados utilizando diversas técnicas, desde a convencional; reação química entre os reagentes unidos em um misturador com temperatura, pressão, concentração, etc, controlados em um determinado tempo, além da técnica de eletrodeposição. Para a deposição dos nanocompósitos através da eletrodeposição três processos podem ser realizados: físico, químico e físico-químico, onde o primeiro usa o sistema de evaporação para consolida-lo; o segundo é puramente através das reações químicas em fase liquida ou gasosa; enquanto o terceiro processo baseia-se na eletrodeposição. (Lavall et al, 2010; Oliveira et all; 2015).
Para tanto, neste texto enfatizaremos a utilização do processo de eletrodeposição na formação de nanocompósitos de carbonos com hidroxiapatita.
O processo de eletrodeposição pode ser usado como ferramenta para a formação de nanocompósitos, através do revestimento de superfícies altamente irregulares com rapidez e em baixas temperaturas, além de possibilitar um alto controle da cristalinidade do depositado. Entretanto prever a necessidade da utilização de uma fonte de corrente contínua para o direcionamento do fluxo de elétrons por não ser um processo não espontâneo (Oliveira  et all, 2015).  Deste modo faz-se necessário observar alguns fatores tais como pH, temperatura, concentração, área superficial do eletrodo, tipo de substrato e de eletrodo, etc, onde escolhemos dois deste, para apresentar algumas peculiaridades:
a.       Substrato vs material:  o substrato que irá receber o revestimento deve ser posicionado no anodo (eletrodo negativo) e o material a ser corroído ou que servirá para terminar o circuito elétrico sem sofrer corrosão é posicionado no catodo (eletrodo positivo).
b.      Eletrodos: eletrodos de platina, ouro, calomelano, carbono podem ser utilizados neste processo. Ao ser selecionado os eletrodos devem ficar imersos em uma solução que forneça os elementos do material a ser depositado ou servir apenas como fonte de íons para fechar o circuito e promover a transferência de material do catodo para o anodo (Nanba et al;2008).

Durante o processo de eletrodeposição alguns fenômenos podem ser observados para caracterizar o material, dentre eles pode ser citado o processo de oxi-redução, verificado através da voltametria cíclica (Oliveira et all 2015). Após o processo de eletrodeposição o material pode ser caracterizado por várias técnicas, tais como: Microscopia eletrônica de Varredura (MEV), Espectroscopia por Energia Dispersiva de Raios-X (EDX), Difratometria de Raios-x (DRX), Ressonância magnética nuclear (RMN), entre outras (Karlinke et all, 2014; Oliveira et all 2015; Reis et all 2012). Como o objetivo deste manuscrito é o de apresentar algumas das técnicas a serem utilizadas nos materiais eletrodepositados, aqui descrevermos apenas, as características do MEV por entendermos ser uma análise rotineira para superfície.
O MEV é especialmente utilizado para análise morfológica e química elementar de sólidos. Pode-se realizar análises morfológicas de superfícies de particulados, polímeros, proteínas, sementes, compostos inorgânicos e orgânicos. Possibilita análises de superfície fraturada - análise de falhas, mapeamento químico de superfícies, microanálise qualitativa e semi-quantitativa de elementos químicos. Avaliação do tamanho de partículas e porcentagem de fase em microestruturas (Dedavid et all 2007).
O principio de funcionamento do MEV ( Figura 03) baseia-se na emissão de feixes de eletrons por um eletrodo negativo (filamento de tungstênio) mediante a aplicação de uma diferença de potencial entre 0,5 e 30 KV. A variação da aceleração dos eletrons é permitida devido a variação da voltagem, provocando desta forma um aquecimento no filamento, os eletrons gerados serão atraídos pelo eletrodo positivo e a correção do percusso dos feixes é realizado pelas lentes condensadoras que tem a função de alinha-los em direção a objetiva, esta por sua vez, ajusta o foco dos feixes de eletrons antes que os mesmo atinja a amostra. Desta forma é gerada uma imagem transcordificada da energia emitida pelos eletrons (Dedavid et all 2007).

Figura 03: Esquema de funcionamento do MEV. (fonte: http://www.degeo.ufop.br.)
A interpretação destas imagens fornece informações bastante detalhada das características microestruturais da amostra. Desde modo o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) se tornou um instrumento imprescindível na caracterização de materiais, em particular dos nanocompósitos. Lembrando, ainda, que ela por si só não fornece todas as informações necessárias para caracterizar e entender os fenômenos que acontecem durante a formação destes materiais.
Portanto observa-se que o entendimento da formação dos nanocompósitos eletrodepositados, necessita de inúmeras técnicas de caracterização que possam auxiliar, na elucidação deste mecanismo.


Referencias
AMARAL, Mauricio Bordini do. Capacidade de regeneração óssea de biomateriais em defeito crítico de calvária: análise histológica e microtomografia computadorizada. 2013. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/82/82131/tde-23052013-091250/pt-br.php, acess em 22.12.2015.
DEDAVID, Berenice A, GOMES,  Carmem I; MACHADO, Giovanna :Microscopia Eletrônica De Varredura Aplicações e Preparação De Amostras, EDIPUCRS – 2007,  ISBN 978-85-7430-702-2 .
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/imagens/010110060405-grafeno.jpg,  acess em 23.12.2015
http://rede.novaescolaclube.org.br/sites/default/files/importadas/2013/10/07/2000/LfC4j/figura-2.png
KALINKE, Adir H.  and  ZARBIN, Aldo J. G..Nanocompósitos entre nanotubos de carbono e nanopartículas de platina: preparação, caracterização e aplicação em eletro-oxidação de álcoois. Quím. Nova [online]. 2014, vol.37, n.8, pp. 1289-1296. ISSN 0100-4042.  http://dx.doi.org/10.5935/0100-4042.20140202.
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