Leidiane Mirlla de Oliveira Mendes
A
interrupção na continuidade da pele representa uma ferida, que constitui um
problema bastante eclético e difundido, que afeta pessoas de todas as idades,
classes sociais e raças (MARCOM; ANDRE, 2005).
Dependendo
do nível de profundidade da lesão tecidual, a úlcera pode trazer sérias
complicações como a osteomielite, septicemia, e até mesmo levar o paciente a óbito. Existem várias causas que podem
ocasionar feridas frequentes, dentre elas, úlceras por pressão e úlcera venosa.
O processo de reparo tecidual envolve fases e sofre influência
de diversos fatores, que podem o retardar ou acelerar. Dentre as fases do
processo cicatricial estão: a fase de reação imediata, que compreende a
resposta inflamatória, acompanhada de sinais como calor, rubor, tumor e perda
da função, durante a qual acontece uma reação vascular de vasoconstrição na
tentativa de manutenção da homeostase; a fase de proliferação, que compreende a
granulação e reepitelização do tecido; e a fase de maturação e remodelagem, que
é marcada pela reorganização das fibras de colágeno e fibrina, e aumento da
força de tração dos tecidos formados na fase anterior (IRION, 2005; SIQUEIRA;
BERTOLINI, 2004; BRASIL, 2002).
Dentre as terapias
utilizadas atualmente, o laser é uma delas, um instrumento foto estimulante, ou
seja, de princípio determinado por produção de energia, e que emite uma
radiação eletromagnética não-ionizante
que se difere das demais fontes luminosas. “O princípio básico de funcionamento
do laser está baseado nas leis fundamentais da interação da radiação luminosa
com a matéria”. Assim, o fator que determina em que tipo de matéria e com qual
objetivo o laser é utilizado, é a sua potência (LIMA; GARCIA; OKAMOTO, 2004; BAGNATO, 2005).
A incorporação do laser como instrumento terapêutico
tem sido acompanhada na área biomédica desde 1960, através de Theodore Maiman,
e um dos primeiros experimentos publicados sobre os efeitos do laser de baixa
potência data de 1983, através da irradiação de laser HeNe(Hélio-Neônio), sobre
feridas de ratos durante 14 dias consecutivos (HENRIQUES; CAZAL; CASTRO, 2010).
Os lasers são classificados em alta e baixa
potência. Os primeiros geralmente aplicados para a remoção, corte e coagulação
de tecidos, enquanto que os lasers de baixa potência são mais comumente
aplicados em processos de reparação tecidual, tais como traumatismos musculares,
articulares, nervosos, ósseos e cutâneos (AL-WATBAN; ANDRES, 2001; LACERDA;
NUNES, 2008).
Uma grande variedade de lasers pode ser encontrada a
fim de promover o processo de cicatrização tecidual, entre eles: Hélio-Cádmio,
Argon, Hélio- Neônio, Krypton, Arseneto de Gálio e Alumínio e CO2. Sabe-se, no entanto, que o sucesso da terapia
de baixa potência e seus respectivos efeitos mostra-se dependente do
comprimento de onda, potência, dose e tempo aplicados (PINTO et al., 2009; INOE et al.,2008).
Os efeitos fotoquímicos e fotofísicos causados pela
luz nos tecidos ocorrem com menos de 0,5 °C de aumento de temperatura1. A
potência desses lasers varia de 1 mW a 500 mW no modo contínuo,
apresentando picos maiores quando pulsados. Seus comprimentos de onda variam do
espectro visível da luz (λ = 400 nm) ao infravermelho (λ = 1,064 nm) (CHOW;
BARNSLEY, 2005).
A radiação laser apresenta efeitos primários
(bioquímico, bioelétrico e bioenergético), que atuam a nível celular promovendo
aumento do metabolismo, podendo aumentar a proliferação, maturação e locomoção
de fibroblastos e linfócitos, intensificar a reabsorção de fibrina, aumentar a
quantidade de tecido de granulação e diminuir a liberação de mediadores
inflamatórios, acelerando assim o processo de cicatrização (BOURGUIGNON-FILHO et
al., 2005).
Os efeitos secundários decorrentes consistem primeiramente
na circulação local
através
do efeito bioquímico de liberação de histamina, e aumento do trofismo celular,
devido
ao efeito bioelétrico de aumento da produção de ATP, velocidade mitótica e de reparo
tecidual.
O laser apresenta, a partir dos efeitos primários e
secundários, efeitos terapêuticos como analgésico, antiinflamatório,
antiedematoso e cicatrizante (CORREA; BERTOLINI, 2003).
A dosimetria (energia
transmitida pelo emissor LASER) desta terapêutica é seguida de acordo com os
seguintes parâmetros: 2 a 4 J/cm2 efeito analgésico; 1 a 3 J/cm2 efeito
anti-inflamatório; 3 a 6 J/cm2 efeito cicatrização; e 1 a 3 J/cm2 efeito
circulatório (PRENTICE, 2004).
São inúmeros os efeitos do laser no processo de
reparação tecidual e, portanto vem sendo muito utilizado para tais tratamentos,
por proporcionarem resultados satisfatórios quanto à cicatrização.
REFERÊNCIAS
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