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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Terapia com laser em baixa intensidade na cicatrização de feridas


                                                      
                                                                     Leidiane  Mirlla de Oliveira Mendes

A interrupção na continuidade da pele representa uma ferida, que constitui um problema bastante eclético e difundido, que afeta pessoas de todas as idades, classes sociais e raças (MARCOM; ANDRE, 2005).
            Dependendo do nível de profundidade da lesão tecidual, a úlcera pode trazer sérias complicações como a osteomielite, septicemia, e até mesmo levar o paciente  a óbito. Existem várias causas que podem ocasionar feridas frequentes, dentre elas, úlceras por pressão e úlcera venosa.
O processo de reparo tecidual envolve fases e sofre influência de diversos fatores, que podem o retardar ou acelerar. Dentre as fases do processo cicatricial estão: a fase de reação imediata, que compreende a resposta inflamatória, acompanhada de sinais como calor, rubor, tumor e perda da função, durante a qual acontece uma reação vascular de vasoconstrição na tentativa de manutenção da homeostase; a fase de proliferação, que compreende a granulação e reepitelização do tecido; e a fase de maturação e remodelagem, que é marcada pela reorganização das fibras de colágeno e fibrina, e aumento da força de tração dos tecidos formados na fase anterior (IRION, 2005; SIQUEIRA; BERTOLINI, 2004; BRASIL, 2002).
             Dentre as terapias utilizadas atualmente, o laser é uma delas, um instrumento foto estimulante, ou seja, de princípio determinado por produção de energia, e que emite uma radiação  eletromagnética não-ionizante que se difere das demais fontes luminosas. “O princípio básico de funcionamento do laser está baseado nas leis fundamentais da interação da radiação luminosa com a matéria”. Assim, o fator que determina em que tipo de matéria e com qual objetivo o laser é utilizado, é a sua potência (LIMA; GARCIA; OKAMOTO, 2004; BAGNATO, 2005).
A incorporação do laser como instrumento terapêutico tem sido acompanhada na área biomédica desde 1960, através de Theodore Maiman, e um dos primeiros experimentos publicados sobre os efeitos do laser de baixa potência data de 1983, através da irradiação de laser HeNe(Hélio-Neônio), sobre feridas de ratos durante 14 dias consecutivos (HENRIQUES; CAZAL; CASTRO, 2010).

Os lasers são classificados em alta e baixa potência. Os primeiros geralmente aplicados para a remoção, corte e coagulação de tecidos, enquanto que os lasers de baixa potência são mais comumente aplicados em processos de reparação tecidual, tais como traumatismos musculares, articulares, nervosos, ósseos e cutâneos (AL-WATBAN; ANDRES, 2001; LACERDA; NUNES, 2008).
Uma grande variedade de lasers pode ser encontrada a fim de promover o processo de cicatrização tecidual, entre eles: Hélio-Cádmio, Argon, Hélio- Neônio, Krypton, Arseneto de Gálio e Alumínio e CO2.  Sabe-se, no entanto, que o sucesso da terapia de baixa potência e seus respectivos efeitos mostra-se dependente do comprimento de onda, potência, dose e tempo aplicados (PINTO et al., 2009; INOE et al.,2008).
Os efeitos fotoquímicos e fotofísicos causados pela luz nos tecidos ocorrem com menos de 0,5 °C de aumento de temperatura1. A potência desses lasers varia de 1 mW a 500 mW no modo contínuo, apresentando picos maiores quando pulsados. Seus comprimentos de onda variam do espectro visível da luz (λ = 400 nm) ao infravermelho (λ = 1,064 nm) (CHOW; BARNSLEY, 2005).
A radiação laser apresenta efeitos primários (bioquímico, bioelétrico e bioenergético), que atuam a nível celular promovendo aumento do metabolismo, podendo aumentar a proliferação, maturação e locomoção de fibroblastos e linfócitos, intensificar a reabsorção de fibrina, aumentar a quantidade de tecido de granulação e diminuir a liberação de mediadores inflamatórios, acelerando assim o processo de cicatrização (BOURGUIGNON-FILHO et al., 2005).
Os efeitos secundários decorrentes consistem primeiramente na circulação local
através do efeito bioquímico de liberação de histamina, e aumento do trofismo celular,
devido ao efeito bioelétrico de aumento da produção de ATP, velocidade mitótica e de reparo tecidual.
O laser apresenta, a partir dos efeitos primários e secundários, efeitos terapêuticos como analgésico, antiinflamatório, antiedematoso e cicatrizante (CORREA; BERTOLINI, 2003).
 A dosimetria (energia transmitida pelo emissor LASER) desta terapêutica é seguida de acordo com os seguintes parâmetros: 2 a 4 J/cm2 efeito analgésico; 1 a 3 J/cm2 efeito anti-inflamatório; 3 a 6 J/cm2 efeito cicatrização; e 1 a 3 J/cm2 efeito circulatório (PRENTICE, 2004).
São inúmeros os efeitos do laser no processo de reparação tecidual e, portanto vem sendo muito utilizado para tais tratamentos, por proporcionarem resultados satisfatórios quanto à cicatrização.

REFERÊNCIAS

Al-WATBAN, F.A.H; ANDRES B.L. Laser photons and pharmacological treatments in wound healing. Laser Therapy. 2001;12:1-9.

BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas Cadernos de Reabilitação em Hanseníase, n. 2, Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 56p.

BAGNATO, V.S. O magnífico laser: aplicações modernas de uma solução em busca de problemas. Revista Ciência Hoje, v. 37, n.222, p. 30-7, Dez 2005.

BOURGUIGNON-FILHO, A.M. et al. Utilização do laser no processo de cicatrização tecidual: revisão de literatura. Revista Portuguesa de Estomatologia e Cirurgia Maxilo-facial, v.46, n.1, p.37-43, 2005.

CHOW, R.T; BARNSLEY, L. Systematic review of the literature of low-level laser therapy (LLLT) in the management of neck pain. Lasers Surg Med 2005; 37:46-52.

CORREA, K.P.; BERTOLINI, G.R.F. Verificação dos resultados da aplicação do laser baixa potência, GaAlAs, 830 nm, em úlcera de pressão de paciente portador de seqüela de traumatismo raquimedular: estudo de caso. 2003. 61 p. Tese de monografia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2003.

HENRIQUES, A.C.G; CAZAL,C; CASTRO, J.F.L. Ação da laserterapia no processo de proliferação celular: revisão de literatura. Rev Col Bras Cir. 2010;37(4):295-302.

INOE, A.P; ZAFANNELI, C.C.G; ROSSATO, R.M; LEME, M.C; SANCHES,A.W.D; ARAÚJO, C.V, et al. Avaliação morfológica do efeito do laser de baixa potência He-Ne em feridas cutâneas de coelhos. Arq ciênc vet zool Unipar. 2008;11(1):27-30.

IRION, G. Feridas: Novas Abordagens, Manejo Clínico e Atlas em cores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 390p.

LIMA, M. A.; GARCIA, V.G., OKAMOTO, T. Reparação de feridas cutâneas retardadas submetidas ao tratamento com laser em baixa intensidade associado ou não a droga fotossensibilizadora - Estudo histológico em ratos. 2004. 80 p. Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica) - Faculdade de Ciências Odontológicas, Universidade de Marília, Marília, 2004.
MARCOM, K.; ANDRE, E. S. Estudo dos Efeitos do Laser Gaalinp no processo de cicatrização de feridas induzidas em ratos. Revista Fisiobrasil, v.9, n.74, p. 08-13, Nov/Dez 2005.

LACERDA, M.S; NUNES, T.C. Efeitos do cetoprofeno e flunixin meglumine namodulação neuroendócrina à dor pós-operatória em cadelas submetidas a ovário-histerectomia. Biosci J. 2008;24(4):131-7.


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PRENTICE, W.E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

PINTO, N.C; PEREIRA, H.C;  STOLF, N.A.G; CHAVANTES, M.C. Laser de baixa intensidade em deiscência aguda safenectomia: proposta terapêutica. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(1);88-91.

SIQUEIRA, F.C.H.N.; BERTOLINI, G.R.F. Uso de laser baixa intensidade, AsAlGa, 830nm, em pacientes portadores de úlceras de pressão. 2004. 77 p. Tese de monografia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2004.