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UNIVAP - UESPI - Teresina

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
A HIPERBILIRRUBINEMIA NEONATAL E O TRATAMENTO FOTOTERÁPICO
Layana Pachêco de Araújo
Albuquerque
Uma patologia
bastante comum, a qual atinge de 50 a 70% dos recém-nascidos (RN) nos primeiros
dias é a icterícia neonatal, provocada pelo aumento da bilirrubina no sangue
(PETROVA et al., 2006). A fototerapia
é o tratamento indicado para a hiperbilirrubinemia, a qual consiste na
colocação do neonato sob uma fonte de luz. Desde sua descoberta, vários modelos
têm sido propostos para o mecanismo de ação da luz incidindo sobre a pele
(LOPEZ; CAMPOS JUNIOR, 2009).
A bilirrubina é um
pigmento amarelado que normalmente se encontra em pequena quantidade no
organismo, tendo como principal fonte a hemoglobina resultante da quebra dos
eritrócitos maduros. Uma pequena proporção é proveniente da destruição
prematura da medula óssea ou no baço de eritrócitos recém-formados (SEBBE et al., 2009).
No
interior do hepatócito ocorre a conjugação da bilirrubina com o ácido
glicurônico sob a ação da glicuroniltransferase. Desta maneira, a bilirrubina
pode ser encontrada no plasma sob duas formas: conjugada (glicuronatos de bilirrubina),
que é hidrossolúvel, e não conjugada (bilirrubina livre), que está fortemente
ligada às proteínas, principalmente à albumina, devido à sua insolubilidade (MORO;
SILVESTRI; SILVA, 2004). A sua concentração na corrente sanguínea depende do
equilíbrio entre a sua produção e excreção (SEBBE et al., 2009).
A
hiperbilirrubinemia é o aumento de bilirrubina plasmática no sangue associada à
sobrevida diminuída de grande quantidade de glóbulos vermelhos, ao aumento da
circulação êntero hepática da bilirrubina e a deficiência na conjugação
hepática da mesma (ALMEIDA, 2004). Pode ser ocasionada por
diversas doenças que tem participação direta com a icterícia neonatal, a
exemplo dos quadros de infecção, hemorragia, policitemia e processos
hemolíticos (em decorrência de incompatibilidade no ABO e Rh, como também pelo
uso de Vitamina K), disfunções das enzimas Desidrogenase 6P-Glucose e Piruvato
Quinase (CIFUENTES, ESTRADA-VIZCAINO E ROMERO, 2014).
Os recém-nascidos produzem em
média de 8,5 mg/kg de bilirrubina por dia, aproximadamente o dobro do que é
produzido por adultos. Também possuem níveis mais altos de hemoglobina, os
nascidos com 35 a 42 semanas de idade gestacional têm valores médios de
hemoglobina de 18 g/dl, que caem a 13 g/dl no vigésimo oitavo dia de vida
(WATSON, 2009).
A icterícia neonatal é
considerada uma das situações problemáticas mais comuns em neonatos. É
caracterizada pelos altos níveis séricos de bilirrubina, sendo conceituada como
a concentração sérica de Bilirrubina Indireta (BI) em quantidade superior a 1,5
mg/dL, ou de Bilirrubina Direta (BD) superior a 1,5mg/dL, contanto que a BD
corresponda a mais de 10% do valor da Bilirrubina Total do organismo do
recém-nascido (BRASIL, 2011).
De acordo com Ayyappan et al., (2015), a icterícia neonatal
pode ser compreendida como a coloração amarelada da pele e escleras de
recém-nascidos, provocada pelo aumento da concentração de bilirrubina sérica na
pele e membranas mucosas. Esta substância pode ser demasiadamente tóxica ao
sistema nervoso central se em grandes quantidades. Watson (2009) refere que a
icterícia se manifesta em 60 a 70% dos RN a termo e 80 a 90% nos prematuros.
Os
RN´s prematuros apresentam maior risco de reinternação por hiperbilirrubinemia
durante a 1ª semana de vida, em comparação aos RN´s a termo. A
hiperbilirrubinemia nessas crianças é mais prevalente e intensa, podendo
acarretar consequências graves, indicando que a prematuridade é um
significativo fator de risco para o kernicterus.
Reconhecidamente, os RN´s entre 35-37 semanas de idade gestacional têm maior
risco de hiperbilirrubinemia que aqueles com 38 semanas ou mais (PUNARO,
MEZZACAPPA E FACCHINI, 2011).
A Sociedade Brasileira de
Pediatria (2012) determina que a icterícia na maioria das vezes reflete uma
adaptação ao metabolismo da bilirrubina, sendo denominada “fisiológica”. Outras
vezes decorre de um processo patológico, com concentrações elevadas, níveis séricos
de bilirrubina superiores a 5mg/dl, podendo ser lesiva ao cérebro. Tal quadro
pode ser reversível desde que haja uma terapêutica imediata, ou pode evoluir
para a forma grave da doença, causando danos neurológicos.
A icterícia neonatal pode ser
classificada em fisiológica e patológica, e diferenciada pelo período de
aparecimento dos sinais e sintomas. A icterícia fisiológica tem maior
prevalência, e inicia-se após as 24 horas de vida do recém-nascido e de modo
geral não tem relação com outras doenças, por isso, de menor gravidade para a
criança. No entanto, quando esta hiperbilirrubinemia está relacionada com
outras doenças da criança, os sinais surgem em menos de 24 horas, merecendo uma
maior atenção por parte da equipe multiprofissional em virtude de sua gravidade
e riscos maiores de complicações (GALVÃO et
al., 2013).
A modalidade
terapêutica indicada para abordar a hiperbilirrubinemia do RN ictérico é a
fototerapia. Esta última é amplamente disseminada não apenas por sua
característica não invasiva, mas também pelo alto impacto da luz na diminuição
dos níveis de bilirrubina plasmática, independente da maturidade do neonato,
presença ou não de hemólise, ou do grau de pigmentação cutânea (FERREIRA;
NASCIMENTO; VERISSÍMO, 2009).
Dois tipos de tratamento
fototerápico têm sido mais empregados: o profilático ou precoce que é
instituído nas primeiras 12 a 24 horas de vida e perdura em geral por 96 horas,
e o terapêutico ou tardio, iniciado a partir de um determinado nível de
bilirrubina até que valores mais baixos sejam alcançados. Ambos apresentam
vantagens e inconveniências, tanto que até hoje não há consenso quanto à
utilização de um ou outro (LEITE et al.,
2007).
O mecanismo de ação da fototerapia consiste basicamente em
reações que modificam molecular da bilirrubina na pele, fazendo com que os
derivados desta reação se tornem mais hidrossolúveis para serem facilmente
eliminados pelos rins e fígado. Assim, dois mecanismos de redução da
hiperbilirrubinemia por meio da fototerapia são descritos: a Foto isomerização,
que consiste na formação de isômeros após o contato da luz com a bilirrubina na
pele, os quais serão eliminados pela urina do recém-nascido; e a Foto oxidação,
entendida como a oxidação de parte da molécula de bilirrubina, formando
complexos pilóricos solúveis em água que serão também eliminados na urina (MOREIRA
et al., 2004).
A fototerapia foi descoberta há mais de 40 anos com a
finalidade de aprimorar os cuidados a recém-nascidos ictéricos. No decorrer das
décadas, tanto suas indicações de uso quanto as inovações nos aparelhos foram
relevantes para a melhoria da técnica de enfrentamento da icterícia. Neste
ensejo, novos e modernos aparelhos tem surgido no mercado, com cada vez menos
riscos ao paciente (VIEIRA et al.,
2004).
A fototerapia atual utiliza diversos tipos de fontes de
luz, entre eles, encontram-se os principais: lâmpada fluorescente, lâmpada
halógena e LED (light emitting diode),
ao passo que a fototerapia que utiliza a fonte LED tem efeitos mais significativos
na redução da hiperbilirrubinemia quando comparada ao método de lâmpada
halógena. Deste modo, o sucesso do tratamento depende da dose correta de
irradiância de luz, da superfície corporal exposta a esta fonte de luz, da
distância entre o bebê e a luz emitida e a concentração inicial de bilirrubina (MARTINS
et al., 2007).
A fototerapêutica
da hiperbilirrubinemia iniciou-se com lâmpadas fluorescentes de baixa
intensidade, sendo no decorrer do tempo introduzidas as lâmpadas fluorescentes
na faixa espectral do azul, seguidas das lâmpadas halógenas e uma variação com
fibras ópticas (ROSSI FILHO, 2006). Posteriormente, os LEDs, diodos emissores
de luz, também foram utilizados nas fototerapias, contudo, sua baixa emissão de
luz exige centenas deles para a obtenção de resultado satisfatório, devido a
sua baixa intensidade. Para resolver tal problema, surgiu o Super LED que
passou a possibilitar a construção de equipamentos com poucos leds, tornando-os
menores e mais leves (ROSSI FILHO, 2008).
Vale ratificar que
a fototerapia convencional ou comum é composta por lâmpadas fluorescentes
(branca luz do dia, azul, azul especial, verde), que iluminam uma grande
superfície corporal, uma vez que as faces anterior e posterior são irradiadas
(OSAKU; LOPES, 2003). Nesse tipo de fototerapia encontra-se de 6 a 8 lâmpadas
fluorescentes brancas, onde a irradiância mínima é de 4 µW/cm2/nm.
Nos aparelhos com lâmpadas azuis, apenas o comprimento de onda atinge 425-475
nm com irradiância igual a 22 µW/cm2/nm. Nesses aparelhos, a
irradiância emitida é 2 a 3 vezes maior do que a observada em aparelhos com
lâmpadas brancas (FERREIRA; NASCIMENTO; VERÍSSIMO, 2009).
Com o intuito de
melhorar a eficácia deste tipo de fototerapia, Carvalho (2001) recomenda
posicionar a fonte do aparelho a cerca de 30 cm do RN, conservando sempre a
superfície de acrílico da incubadora e a proteção do dispositivo da fototerapia
limpos; ainda sugere que se utilize aparelhos com 7 ou 8 lâmpadas e “se
substitua duas lâmpadas fluorescentes brancas por azuis”. Também, deve ser continuamente verificada a
irradiância emitida pela fototerapia, pelo uso de radiômetro e sempre que
possível deixar o RN despido expondo maior superfície corporal e manter a
nutrição enteral.
Outra modalidade
de fototerapia é a aquela em que utiliza lâmpadas halógenas, as quais emitem
alta irradiância na faixa azul de 25 a 30 µW/cm2/nm e filtros para
radiação infravermelha e ultravioleta, no entanto, sua distribuição é
irregular, ao contrário da convencional. Suas lâmpadas devem ser trocadas
quando a irradiância for menor que 10 µW/cm2/nm (FERREIRA;
NASCIMENTO; VERISSIMO, 2009).
A fototerapia de
contato utiliza como fonte geradora uma lâmpada halógena especial e a luz se
propaga por meio de um cabo de fibra óptica (OSAKU; LOPES, 2003). De acordo com
Maisels (1996), as vantagens desse sistema são: dispensa a proteção ocular, e,
por conseguinte a obstrução nasal; dimensões menores do equipamento; utilização
simultânea à amamentação e com a fototerapia convencional, quando se necessita
promover queda de bilirrubina rapidamente.
Além das
modalidades anteriores há a denominada fototerapia de alta intensidade, mais
recente, aparecendo na década de 90 com emissão de alta irradiância abrangendo
maior superfície corporal, sendo necessárias 16 lâmpadas azuis especiais que
emitiam uma irradiância superior a 100 µW/cm2/nm (OSAKU; LOPES,
2003), porém, foi proposta outra modalidade de fototerapia de alta intensidade,
o Biliberço® agora com um conjunto de 7 lâmpadas
fluorescentes (CARVALHO; LOPES; BARRETO NETTO, 1999).
Partindo do
pressuposto de que há variabilidade do tipo de aparelho e do tipo de lâmpadas
utilizadas, faz-se necessário conhecer as características específicas dos
aparelhos para proporcionar ao RN um tratamento eficaz. A seguir alguns
equipamentos que são tipicamente utilizados na Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN).
1. Biliberço®
O Biliberço®
modelo 006FB da FANEM® (Figura 1) está composto por um conjunto de
sete lâmpadas fluorescentes dispostas em um berço de acrílico frequentemente
utilizado em berçários e alojamentos conjuntos de tal maneira que a parede
acrílica do berço fique a cerca de 3 a 5 cm das lâmpadas irradiantes (CARVALHO;
LOPES; BARRETO NETTO, 1999; ROSSI FILHO, 2006).
O sistema
fototerápico do Biliberço® modelo 006FB dispõe de três tipos de
configurações de distribuição de lâmpadas, ou seja, uma com 3 lâmpadas azuis
especiais, centrais e 4 lâmpadas brancas luz do dia, sendo um par em cada
extremidade do sistema; outra com 7 lâmpadas azuis especiais e a terceira, com
7 lâmpadas brancas luz do dia (ROSSI FILHO, 2006).
A irradiância
ocorre por um conjunto de lâmpadas cuja luz atravessa luz a parte inferior do
berço e atingindo o RN de baixo para cima. O RN fica acomodado em um colchão de
silicone medicinal, cuja finalidade é promover maior conforto ao paciente sem
interferir, portanto, na irradiação a ser recebida (CARVALHO; LOPES; BARRETO
NETTO, 1999).
Quando o
equipamento possui arco reflexivo, as lâmpadas brancas atingem uma irradiância
de 14 a 16 µW/cm2/nm e as lâmpadas azuis, de 18 a 22 µW/cm2/nm
e a irradiância diminui, variando, nas lâmpadas brancas, de 11 a 14 µW/cm2/nm
e depois nas lâmpadas Az, de 15 a 19 µW/cm2/nm se o aparelho não
possuir arco reflexivo (ROSSI FILHO, 2006).
O Biliberço® também é
munido de um de sistema de segurança para os casos de possível falta de
circulação de ar e superaquecimento (39ºC) do colchão ou, ainda, na obstrução
dos ventiladores. Em qualquer um dos casos o funcionamento é interrompido e é
acionado um alarme áudio visual (ROSSI FILHO, 2006).
FIGURA 1: Aparelho
de fototerapia do tipo Biliberço®.
Fonte: site de
domínio público: http://www.multmed.com.br/produtos_descricao.asp?lang=pt_BR&codigo_produto=29. Acesso em dezembro 2012.
2. Bilitron®
O Bilitron® da FANEM® (Figuras 2 e 3) já
apresenta uma tecnologia baseada em cápsulas (5) “Super Led, um display
alfanumérico e um teclado para programação das funções" (ROSSI FILHO,
2008). Este equipamento pode ser montado em três diferentes configurações: o
Bilitron® 3006 BTI, o BTB e BTP, utilizados tanto para
berços aquecidos como em haste móvel (MARTINS; CARVALHO, 2006; ROSSI FILHO, 2008).
Seu espectro luminoso apresenta curva de irradiância de 400 a 500
nm na faixa do ultravioleta ao verde, cujo componente eletrônico com irradiação
centrado no espectro de 450 nm, que é o azul (MARTINS; CARVALHO, 2006).
O Bilitron® (Figuras 2 e 3) fornece um feixe de luz com
intensidade média de 30 µw/cm²/nm a uma distância de 0,50 cm da fonte em seu
ponto mais intenso (MARTINS; CARVALHO, 2006). Na distância de 0,30 cm, a
irradiância chega a 40 µW/cm²/nm ± 10% (ROSSI FILHO, 2008).
A vida média de uma lâmpada Super LED varia de acordo com os
autores, assim, para Rossi Filho (2008), a expectativa média dessa lâmpada
chega a cerca de 20.000 horas, no entanto para Martins e Carvalho (2006), pode
durar até 50.000 horas. Contudo, são unânimes em afirmar a importância de
observar as instruções do fabricante em relação às lâmpadas e que seja feito um
acompanhamento da sua irradiância constantemente (MARTINS; CARVALHO, 2006;
ROSSI FILHO, 2008).
Fonte: site de
domínio público http://catalogohospitalar.com.br/sistemas-de-fototerapia-por-super-led-bilitron-3006.html. Acesso em
dezembro 2012.
FIGURA 3: Aparelho
de fototerapia do tipo Bilitron®.
Fonte: site de
domínio público: http://www.fanem.com.br/produto/14/bilitron-3006. Acesso em
dezembro de 2012.
Conhecer e saber manipular os equipamentos
eletromédicos fototerápicos é de suma importância ao profissional que trabalha
na UTIN, que precisa ser habilitado para aplicar a fototerapia. Observou-se que
cada equipamento apresenta suas particularidades quanto à irradiância emitida,
à distância da luz do RNI, o tipo de lâmpada e a cor da luz, sendo importante
que cada uma dessas características seja conhecida pelos profissionais, por
serem essenciais para eficácia da fototerapia.
Conclui-se, assim, que a
padronização na aplicação da fototerapia e da assistência oferecida por uma
equipe capacitada e habilitada a executar de forma eficaz as ações direcionadas
ao manejo da hiperbilirrubinemia poderá contribuir significativamente para o
tratamento resolutivo do neonato em um menor intervalo de tempo.
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RISCOS DA EXPOSIÇÃO AOS NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Vivaldo Xavier Silva
Sousa
A exposição ao ruído no ambiente
de trabalho tem se tornado um grande problema aos profissionais das áreas de
saúde. Decisões são tomadas a todo momento, e que podem comprometer a vida
pessoal dos indivíduos envolvidos, e o futuro das empresas e instituições de
saúde.
Sabe-se que os níveis de
ruídos nos diversos ambientes são a cada dia mais intensificados, tornando-se
algo intolerável aos ouvidos humanos. Na atualidade uma das maiores queixas das
equipes que trabalham dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva - UTI. O Pioneiro em atendimento de Terapia Intensiva no País foi o
Hospital Sírio-Libanês que em 1971, ano que inaugurou a primeira unidade do
gênero. Desde o principio até hoje nota-se que os níveis de
ruídos dentro do ambiente da UTI só aumentaram e são extremamente desfavoráveis
ao trabalho da equipe multiprofissional.
O Ruído se caracteriza por
ser um fenômeno físico que, no caso da Acústica, indica uma mistura de sons,
cujas freqüências não seguem uma regra precisa.
http://ovnihoje.com/2015/09/15/trombetas-do-apocalipse-mistificam-pessoas-em-jacarta-indonesia/
Muitos dos ruídos presentes
nos Estabelecimentos de Assistência a Saúde - EAS, provém mais do seu interior, do que de seu
exterior, sendo as principais causas de ruído em Unidades de Terapia Intensiva
(UTI). Apenas para citar algumas, barulhos de equipamentos e a conversação
entre as equipes multiprofissionais. Nessas unidades muitos equipamentos são
dotados de alarmes acústicos, essenciais para alertar os profissionais sobre
mudanças nas condições clínicas de seus pacientes e/ou de mau funcionamento dos
próprios aparelhos. Assim, esse, ambiente que deveria ser silencioso e tranqüilo,
torna-se ruidoso e estressante, aumentando a ansiedade e até a percepção
dolorosa, influindo no padrão do sono e
prolongando a recuperação dos pacientes, ao mesmo tempo que, pode interferir no
desempenho das atividades próprias dos profissionais que ali as desempenham
(PEREIRA ; TOLEDO, 2003).
http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Unidades+De+Terapia+Intensiva&lang=3
Segundo Posso,(1982) e Dias
e Cordeiro (2006), a exposição ao ruído intenso e contínuo está associada a
várias manifestações clínicas sistêmicas, tais como: elevação no nível geral de
vigilância, aceleração da freqüência cardíaca e respiratória, alteração da
pressão arterial e da função intestinal, dilatação das pupilas, aumento do
tônus muscular, aumento da produção de hormônios tireoidianos e estresse.
A Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR-10152, 1987 – Níveis de Ruído para
Conforto Acústico, recomenda 35 a 45dB(A) como níveis aceitáveis para
diferentes ambientes hospitalares. Estes limites são constantemente
ultrapassados, gerando distúrbios fisiológicos e psicológicos, tanto nos
pacientes como na equipe de saúde que atua em UTI.
Segundo Grumet (1993), o
controle dos ruídos em UTI é considerado como uma prioridade, devendo assim,
insistir em estudos que demonstrem a excessiva exposição a que estão sujeitos
os indivíduos, a equipe e pacientes, a fim de prevenir alterações física,
fisiológicas e psicológicas, além da poluição sonora, para que se avalie junto
com a equipe e se promovam medidas que torne mais satisfatória a permanência
dentro deste ambiente. Medidas simples como fechar as portas, diminuir o tom de
voz e o som de telefones, podem reduzir consideravelmente os níveis de ruído
(CORRÊA; ZAGO; POSSO e CRIOLLO, 2004; BENEDETT; FERRAZ e POSSO, 2010). Fiorini
(2004) relata que a terceira maior poluição do mundo é a sonora, perdendo,
apenas, para a poluição do ar e da água. Isto pode estar relacionado à presença
marcante de ruído em atividades laborais e de lazer.
Um dos meios de
identificação e mensuração dos níveis sonoros na UTI se faz por verificação da
dosimetria que tem a finalidade de determinar os ruídos presentes no local. O
dosímetro é um equipamento individual e portátil digital do tipo DOS-500 da
marca INSTRUTHERM devidamente calibrado, para avaliar a intensidade do ruído na
UTI o tempo que for necessário, com verificações a cada minuto em dBA.
DosímetroDOS-500.
Fonte
:site de domínio público: http://www.instrutherm.com.br
.
Segundo
Pereira (2003), a discrepância entre os valores verificados e o recomendados é
importante, porque o nível de pressão sonora em dB(A) é proporcional à
intensidade sonora. Diante desses dados, o que merece destaque é que, segundo a
lei da física acústica, um aumento de 10dB(A) reverte no dobro do valor da
escala sonora subjetiva. Significa dizer que quando nos deparamos com valores
de mais de 20 dB acima do recomendado pela literatura, há a comprovação de um
incremento preocupante do nível de ruído.
Espera-se
que este texto possa contribuir no ponto de vista técnico, crítico, acadêmico e
profissional, para a importância de se corrigir os excessos no ambiente de UTI,
evitando prejuízos importantes à saúde devido à exposição a elevados níveis de
ruídos. A procura por descobertas que possam evitar essa problemática, seria a
elaboração, construção e implantação de condições acústicas e arquitetônicas
ideais para um ambiente saudável na UTI.
Destaca-se,
nessa perspectiva a atuação do engenheiro biomédico na verificação e na
elaboração de programas de conservações acústicas ideais na UTI para se evitar
hábitos nocivos à audição.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
Avaliação do Ruído para o conforto acústico. NBR-ABNT 10152 . Rio de
Janeiro:ABNT, dez/1987.
CORRÊA, AL.; ZAGO, MBS; POSSO, MBS; CRIOLLO,
CT. Mapeamento de Estudos sobre o risco
potencial do ruído em Neonatos internados em Unidade de Cuidados Intensivos.
Revista UniVap. v.11, n.20, p,
52-56, 2004.
PEREIRA, R.P.;
TOLEDO, R.N.; AMARAL, J.L.G. do e GUILHERME, A. Qualificação e quantificação da
exposição sonora ambiental em uma unidade de terapia intensiva geral. Rev.
Bras. Otorrinolaringol. v.69 n.6, São Paulo nov/dez. 2003.
POSSO,MBS O ruído emitido por aparelhos
usados nas salas de operações: estudo preliminar sobre as alterações físicas,
fisiológicas e psicológicas nos componentes da equipe cirúrgica. Rev.Esc.
Enferm. USP, v.16, n. 2,p 225-40, 1982.
DIAGNÓSTICO MOLECULAR DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM GESTANTES
Roseane Lima Verde
As doenças sexualmente
transmissíveis (DST) estão entre os agravos à saúde mais comuns no mundo
inteiro e têm apresentado aumento da morbidade e da mortalidade, ocasionando
também agravos como doenças congênitas, infertilidade, aumento do risco para
infecção pelo HIV e abortos prematuros (Rodrigues-Junior, et al., 2004). Para
contornar e resolver este problema deve ser feita uma ampla campanha educativa
visando a redução do comportamento de risco para estas infecções, como também,
disponibilizar o fornecimento de insumos como preservativos femininos,
masculinos e o acesso ao diagnóstico destas populações vulneráveis (Brito, et
al., 2007).
A epidemiologia molecular, alicerçada nos fundamentos da genética, biologia molecular e bioestatística, constituem um ramo da ciência voltada para o diagnóstico e monitoramento preciso de doenças infecciosas em gestantes, desta forma, estas ferramentas contribuirão de forma significativa nas áreas de vigilância epidemiológica e controle de epidemias virais. O sequenciamento e a PCR tem também comprovado a sua aplicabilidade na clínica, proporcionando a detecção específica de agentes infecciosos em suas espécies, genótipos e subtipos.
A epidemiologia molecular, alicerçada nos fundamentos da genética, biologia molecular e bioestatística, constituem um ramo da ciência voltada para o diagnóstico e monitoramento preciso de doenças infecciosas em gestantes, desta forma, estas ferramentas contribuirão de forma significativa nas áreas de vigilância epidemiológica e controle de epidemias virais. O sequenciamento e a PCR tem também comprovado a sua aplicabilidade na clínica, proporcionando a detecção específica de agentes infecciosos em suas espécies, genótipos e subtipos.
O Brasil possui o
maior número de infectados pelo HBV, HCV, HIV, HTLV da América do Sul, tendo
prevalências variáveis entre regiões (Pereira,et al., 2013). A ocorrência de
doenças sexualmente transmissíveis (DST) durante a gravidez representa risco
aumentado de morbidade e mortalidade para o feto e o neonato, em virtude da
transmissão vertical (Lima, et al., 2009), podendo essas doenças estar
associadas à gravidez ectópica, abortos, natimortos e prematuridade, além de
infecções congênitas, perinatais e puerperais (Figueiró-Filho, et al., 2005).
Em 1981, nos EstadosUnidos da
América, foi identificada a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), após
relatos de imunodeficiência em homossexuais jovens do sexo masculino (Gottlieb, et
al., 1981). Mais tarde, sintomas semelhantes foram observados em pacientes
hemofílicos que receberam hemoderivados previamente purificados e filtrados em
filtros bacteriológicos e, como esses filtros não impediram a passagem do
vírus, este ocorrido despertou a atenção para que o possível agente etiológico
da AIDS pudesse ser um vírus (Montagnier, 2010).
A infecção pelo HIV apresenta um
quadro de alta gravidade e de caráter pandêmico, tornando-se um dos maiores
problemas de saúde pública mundial da atualidade.
O avanço da epidemia de AIDS em
mulheres na idade fértil nos países em desenvolvimento, traz como consequência
um maior número de crianças sob o risco da transmissão vertical do HIV-1. No Brasil apesar da implementação de medidas
profiláticas para transmissão vertical desde 1996, só no período de
janeiro/2009 a junho/2010, um total de 346 novos casos de transmissão materno
infantil do HIV-1 foram registrados (Brasil, 2010).
Durante a gravidez, a mulher
apresenta um número de risco aumentado para aquisição de doenças sexualmente
transmissíveis (DST), devido à ocorrência de alterações no sistema imunológico
que predispõem a gestante a doenças infecciosas, tornando-se um dos problemas
mais comuns do período gestacional (Freitas, 2005).
A transmissão vertical do HIV pode
ocorrer durante a gestação (35%), o trabalho de parto e o parto propriamente
dito (65%), ou através da amamentação, com risco acrescido de transmissão entre
7% e 22% a cada exposição (mamada) (Febrasgo, 2004). Porém, segundo (Jourdain,et
al., 2007), a maioria dos casos de transmissão de mãe para filho ocorre na fase
tardia da gestação, durante o trabalho
de parto e no parto propriamente dito.
Para (Kourtis,et al., 2001), a
transmissão intrauterina pode ser mediada, por infecções que alteram a
permeabilidade e seletividade placentária ou microtransfusões materno-fetais.
(Kourtis,et al., 2011) relata que mesmo ainda não sendo possível descobrir o
momento da infecção intrauterina, vários compartimentos virais maternos como:
vírus circulante no plasma, secreções vaginais e leucócitos infectados, ajudam
na transmissão durante a gestação.
Em alguns países em desenvolvimento,
as mulheres infectadas conhecem o risco adicional da amamentação materna, sendo
orientadas para a troca da amamentação com leite artificial. No Brasil, o
aleitamento materno é proscrito através de um banco de leite e a alimentação
mista, que seria o leite humano mais fórmula infantil, assim como o uso do
leite humano com pasteurização domiciliar (Brasil, 2010)
A OMS tem como uma de suas metas,
o controle mundial da AIDS, almejando que nenhuma criança seja exposta ao HIV-1
na gestação e/ou durante o parto (UNAIDS/WHO, 2010). Para que esta meta seja
alcançada, é preciso garantir que toda a população mundial tenha o acesso
precoce aos testes de diagnóstico da infecção pelo HIV-1, através da triagem de
infecção pelo HIV-1 no pré-natal. Esta triagem da infecção pelo HIV-1 em
mulheres de idade fértil permite tratamento e introdução de profilaxia da
transmissão materno infantil, reduzindo os riscos de casos neonatais.
Quando as mães têm seu diagnóstico
de infecção pelo HIV previamente ao momento do parto, seus filhos apresentam
melhor sobrevida e prognóstico, provavelmente devido a maiores oportunidades
para tratamento apropriado e profilaxia para infecções oportunistas nessas
crianças (Doerholt,et al., 2006). Informações sobre as características
imunológica, viral e epidemiológica de gestantes infectadas pelo HIV-1 podem
indicar medidas mais eficazes para o diagnóstico, profilaxia e terapia.
Ainda como
agravantes frequentemente observados no âmbito da gestação temos as hepatites,
que podem ser de diferentes tipos e transmissão, dependendo do agente
etiológico. Em virtude da incidência de pessoas infectadas e de suas
complicações, as hepatites virais se tornaram importantes no campo da saúde
pública (Patel, 2011).
A hepatite C tem
sua transmissão como principal via a parenteral e em indivíduos expostos a
transfusão de sangue, indivíduos que compartilham objetos perfurantes ou
usuários de droga injetáveis, sendo pouco frequente por via sexual (Patel,
2011). Possui seis genótipos (1-6) e múltiplos
subtipos que apresentam distribuição geográfica variável. Os genótipos 1, 2 e 3
apresentam uma distribuição mundial. Os
subtipos 1a, 1b, 2a, 2b e 3a são encontrados no Brasil (Alter, 2007).
Em relação à
hepatite B, sua transmissão se faz principalmente por via sexual, ocorrendo
também transmissão vertical (filho de mãe portadora). Este vírus é a principal
causa de hepatopatia crônica no mundo. Admite-se que cerca de 400 milhões de
pessoas estejam infectadas por esse agente e que 15 a 40% dos indivíduos com a
infecção irão desenvolver cirrose, insuficiência hepática ou carcinoma
(Conceição, et al., 2009). Dados epidemiológicos demonstram que a transmissão
vertical é responsável por 35 a 40% dos novos casos de hepatite B no mundo e é
por meio dela que o vírus é mantido na população (Lee, et al., 2006).
Classicamente, admite-se que a evolução para infecção crônica ocorre em 90% das
crianças infectadas no período neonatal, sobretudo naquelas cujas mães
apresentam HBsAg e HBeAg positivos no momento do parto (Lima, et al., 2009;
Conceição, et al., 2009).
A epidemiologia
molecular é um ramo da ciência biológica que se preocupa com a identificação e
caracterização, de espécies, subespécies, genótipos e subtipos de
microorganismo de interesse para a saúde humana e de animais, que utiliza as
ferramentas de genética, bioestatística e biologia molecular para investigar
surtos e epidemias.
Segundo
(Forattini, 2005)as investigações epidemiológicas, constituem-se numa
ferramenta valiosa para identificar precisamente o agente infeccioso nas suas
variabilidades e especificidades, transferindo ao laboratório de biologia
molecular as observações necessárias ao entendimento destes processos
infecciosos, com foco na busca da teoria causal ou etiológica.
Após o surgimento
do modelo estrutural do DNA em 1953, proposto por Watson-Crick, foi possível a
elucidação da molécula de DNA. Sendo
possível, a criação de protocolos de clonagem, sequenciamento e hibridização do
DNA permitindo seu posterior sequenciamento através da técnica de PCR
(Polymerase Chain Reaction), inventada em 1984 pelo bioquímico americano, Kary Banks
Mullis, que recebeu o Prêmio Nobel de Química e o Prêmio Japonês pelo seu desenvolvimento
em 1993.
A PCR, utilizado
no âmbito da biologia molecular, permite a análise de quantidades
infinitesimais de DNA/RNA a partir da produção de milhões de copias da amostra original. Esta técnica rapidamente se tornou uma das
mais usadas em laboratórios por todo o mundo devido a sua simplicidade, rapidez
e baixo custo, possibilitando a investigação, caracterização e o diagnóstico
molecular de diversas doenças infecciosas (Joshi & Deshpande,
2010). Esta técnica apresenta um variado tipo aplicado ao diagnóstico:
·
PCR convencional - É uma técnica simples,
onde, a molécula de DNA alvo é submetida a altas temperaturas (90 -97º C) o que
provoca a desnaturação da dupla cadeia. Após a desnaturação, um par de pequenas
sequências de DNA sintético, chamadas de primers,
que são ligadas à molécula de DNA alvo (hibridação, ou hibridização ou anelamento). Estes servem como um ponto de para adição de
nucleótideos, feita pela DNA polimerase.
·
PCR Multiplex – É amplamente utilizada em
diversas áreas, na detecção e análise de genes, análise de polimorfismos,
mutações, análise quantitativa, no contexto do RT-PCR (reverse transcriptase
PCR), no diagnostico de doenças infecciosas para identificação de vírus,
bactérias e parasitas (Elnifro, et al., 2000). Portanto, é uma extensão do PCR
convencional, a vantagem do seu uso é a capacidade de amplificar mais do que
uma sequência alvo simultaneamente, tornando-se mais econômica e mais rápida(Ravikumar,
et, al.,
2011).
·
Nested PCR - é um método usado para
aumentar a sensibilidade da PCR. É uma forma de reamplificação de um produto da
PCR. É executado uma primeira PCR
o qual usa um par de primers que produzem uma grande quantidade de produto e é
depois usado como um molde para a segunda amplificação (Bermingham, 2003).
·
RT-PCR - A Reverse Transcription-Polymerase
Chain Reaction (RT-PCR) permite estudar o RNA via PCR. Este método é altamente
sensível e específico para a detecção de cópias de RNA, principalmente quando a
quantidade de amostra é limitada (Roche, 2003).
·
PCR em Tempo Real (qPCR)–Esta técnica constitui uma das ferramentas mais úteis dos
últimos tempos. Esta tecnologia deriva da PCR convencional, mais
procura ultrapassar algumas das sérias limitações que esta apresenta. Ao
proceder à amplificação da sequência de DNA e só depois se analisar o produto,
a quantificação tornava-se extremamente difícil. Esta limitação foi
ultrapassada em 1992 com o desenvolvimento do PCR em tempo real por Higuchi, et
al. (Higuchi, et al., 1992). Na PCR em tempo real a quantidade de produto
formado é analisado ao
longo da reação, com a introdução
de fluorocromos ou de sondas fluorescentes. A monitorização
da fluorescência permite quantificar o produto formado (Kubista, et al., 2006).
PCR
em Tempo Real
Sequenciamento
A tecnologia de sequenciamento
foi descrita pela primeira vez por Sanger em 1977 (Sanger, et al., 1977), como um método
para a determinação de nucleotídeos. Esta tecnologia permitiu,
ao longo de duas décadas, um grande número de importantes avanços à nível da
genética (Shendure & Ji, 2008). Assim, o método clássico de Sanger sofreu diversas
modificações e adaptações ao longo dos anos, mais recentemente pela influência
do Projeto Genoma Humano, o qual impulsionou a automatização e o aumento da
rentabilidade da técnica (Moorthie, et al., 2011).
A sequência é determinada após ser
submetida a uma eletroforese de alta resolução em tubos capilares, onde os
produtos são separados segundo o tamanho (Shendure & Ji, 2008). Assim que
estes fragmentos marcados saem do capilar passam pelo detector, onde um laser
excita os fluorocromos, produzindo emissões de fluorescência de quatro cores
diferentes. A leitura da cor fluorescente emitida pelos fragmentos é processada
por software especializado, que revela a sequência de DNA. (Smith, et al., 1987).
Esquema
do processo de sequenciamento
Sequenciador de DNA automático AB 3500 de 8 capilares
Devido à sua
diversidade de aplicações, o RT-PCR detecta diversos vírus de RNA, como o vírus
da imunodeficiência humana (HIV), o vírus da hepatite C (HCV), o vírus
T-linfotrópico humano (HTLV-1 e HTLV-2), enterovírus (EV), vírus sincicial respiratório
(RSV), o vírus da influenza (Inf-Ae
Inf-B), rotavírus e outros vírus que causam gastroenterites. O RT-PCR
pode também ser empregado na detecção de RNA mensageiro, útil no diagnostico de
vírus de DNA que possuem uma fase latente durante o seu ciclo(Watzinger, et al.,
2006).
Em análises de
amostras reduzidas, o qPCR alia-se ao
PCR multiplex para a detecção simultânea
de mais de um alvo, principalmente em amostras de líquido cefaloraquidiano onde se suspeita
da existência de múltiplos vírus
neuroinvasivos. Pelo mesmo procedimento é possível detectar o vírus da
hepatite B e C (HBV, HCV), o HIV-1, vírus da parainfluenza (PIV1-4), o herpes simples vírus (HSV), o citomegalovírus
(CMV), o vírus da varicela zóster (VZV), o vírus de herpes humano 6 (HHV-6),
adenovírus, o vírus de Epstein-Barr (EBV) ou o vírus da raiva (Elnifro, et al.,
2000).
Desta forma, as
técnicas e metodologias apresentadas, poderão ser utilizadas para o
planejamento, desenvolvimento de estratégias e políticas públicas de contenção,
diagnóstico e prevenção da transmissão viral em gestantes, como também, a
transmissão vertical e possivelmente, para aperfeiçoar as estratégias de
prevenção e controle das infecções pelos vírus da hepatite B, C, HIV e HTLV na
população de gestantes do Piauí.
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