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UNIVAP - UESPI - Teresina

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

ESPECTROSCOPIA RAMAN NO DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA





Andrea Maria de Sousa Lopes

              O câncer é atualmente considerado um dos grandes problemas de saúde mundial e é a segunda causa de morte no mundo. Nos últimos anos o câncer tem chamado à atenção na saúde pública, aumentando a preocupação destes profissionais a esta enfermidade. O estudo da estrutura química das células cancerígenas é de extrema importância para a sua identificação e possibilitando o diagnóstico por técnicas alternativas.
            A espectroscopia Raman fornece informações sobre a estrutura química de diversos materiais, desde cristais a materiais biológicos. A técnica consiste em avaliar a diferença de energia de um feixe de luz monocromático, como laser, antes e após interagir com a amostra (citar Canal ciência). Ao interagir com as moléculas da amostra, os fótons do laser poderão induzir a vibração dessas moléculas, que, por sua vez, espalharão esses fótons modificando a sua energia. A variação de energia dos fótons incidentes e dos fótons espalhados é conhecida como efeito Raman, o qual foi observado pela primeira vez em 1928, pelo físico indiano Chandrasekhara Raman (1888-1970), que recebeu o prêmio Nobel de Física em 1930 por essa observação (canalciencia@ibict.br).
           Como cada estrutura molecular possui uma energia específica de vibração quando excitada por um feixe de luz, a espectroscopia Raman tem se mostrado uma poderosa ferramenta na identificação e quantificação de moléculas presentes em uma amostra a ser analisada. Assim, a espectroscopia Raman é útil para um vasto número de aplicações, sendo requerida em estudos analíticos nas áreas de química, biologia, geologia, farmacologia e física de estado sólido, entre outras. Nas áreas biológicas, a espectroscopia Raman tem sido usada na identificação e quantificação de biomoléculas presentes no sistema estudado[1]

            No Brasil, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres, excetuando-se os casos de pele não melanoma, representando 25% do total de casos de câncer no mundo em 2012, com aproximadamente 1,7 milhão de casos novos naquele ano. É a quinta causa de morte por câncer em geral (522.000 óbitos) e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres [2].

             O câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com comportamentos distintos. A heterogeneidade deste câncer pode ser observada pelas variadas manifestações clínicas e morfológicas, diferentes assinaturas genéticas e consequentes diferenças nas respostas terapêuticas.
              O espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. Dentre esses últimos, o carcinoma ducal infiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre 80 e 90% do total de casos(canalciencia@ibict.br).

              O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama são edema cutâneo semelhante à casca de laranja; retração cutânea; dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo; e secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea (http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_controle_cancer_mama/conceito_magnitude). A secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila. 

              A taxa de mortalidade por câncer de mama ajustada pela população mundial apresenta uma curva ascendente e representa a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira, com 12,66 óbitos/100.000 mulheres em 2013 [4].
             As regiões Sudeste e Sul são as que apresentam as maiores taxas, com 14,25 e 13,70 óbitos/100.000 mulheres em 2013, respectivamente. Como mostra a tabela a seguir, o Brasil apresenta valores intermediários no padrão de incidência e mortalidade por câncer de mama. Cabe destacar que, proporcionalmente, as diferenças entre as taxas de incidência e mortalidade nos países desenvolvidos são maiores, sugerindo maior alcance das ações de rastreamento em diagnosticar precocemente a doença e acesso aos avanços no tratamento.
Taxas de incidência e mortalidade por câncer de mama, por 100.000 mulheres, em países selecionados, 2012

Região\País
Incidência
Mortalidade
Taxa Bruta
Taxa Padronizada
Taxa Bruta
Taxa Padronizada
Finlândia
162,9
89,4
31,3
13,6
Reino Unido
164,5
95,0
36,7
17,1
Espanha
106,6
67,3
25,7
11,8
Estados Unidos
145,6
92,9
27,5
14,9
Canadá
134,1
79,8
28,2
13,9
Austrália
128,0
86,0
25,7
14,0
Japão
85,9
51,5
21,3
9,8
Paraguai
37,1
43,8
13,0
15,6
Bolívia
15,7
19,2
5,8
7,2
Zâmbia
11,9
22,4
5,9
1,1
Brasil *
66,8
59,5
16,3
14,3
Brasil (dados oficiais) **
56,1
-
13,5
12,1
Fonte:Globocan.IARC(WHO),2012.

* Os dados do Globocan são diferentes dos dados das fontes nacionais por diferenças metodológicas no cálculo das taxas.

** Referem-se à estimativa de incidência para 2014/2015 (INCA, 2014) e à taxa de mortalidade do ano de 2012 (Sistema de Informação sobre Mortalidade/Ministério da Saúde).

         Na mortalidade proporcional por câncer em mulheres, em 2013, os óbitos por câncer de mama ocupam o primeiro lugar no país, representando 16,1% do total de óbitos. Esse padrão é semelhante para as regiões brasileiras, com exceção da região Norte, onde os óbitos por câncer de mama ocupam o segundo lugar, com 12,9%. Neste ano, os maiores percentuais na mortalidade proporcional por câncer de mama foram os do Sudeste (16,9%) e Centro-Oeste (16,6%), seguidos pelos Sul (15,3%) e Nordeste (14,9%) [6].

           Ampère incidência do câncer de mama tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos, com exceção de países da Ásia [5]. A mortalidade também aumenta progressivamente com a idade, conforme dados para o Brasil apresentados a seguir [6].                Na população feminina abaixo de 40 anos, ocorrem menos de 20 óbitos a cada 100 mil mulheres, enquanto na faixa etária a partir de 60 anos o risco é mais do que o dobro.

          Taxas de mortalidade por câncer de mama feminina, específicas por faixas etárias, por 100.000 mulheres. Brasil, 1990 - 2012
 
     Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade/DATASUS

          A falta de métodos diagnósticos rápidos e precisos causa desconforto e muitas complicações para os pacientes, pois atualmente, o screnning para detecção precoce do câncer de mama é realizado pela combinação do exame físico e mamográfico, e para confirmar o diagnóstico são necessários métodos que conciliem a histopatologia com a técnica de biópsia, essas técnicas apresentam uma acurácia operador dependente, podendo resultar em um falso-positivo ou falso-negativo em alguns casos (http://www.uscs.edu.br/simposio_congresso/congressoic/trabalhos.php?id=0182&area=Biol%F3gicas).
              O estudo da estrutura química das células cancerígenas é de extrema importância para a sua identificação (possibilitando o diagnóstico) e para a avaliação de técnicas de tratamento. Nessa óptica, a espectroscopia Raman vem se tornando uma ferramenta importante e versátil para análise de tecidos biológicos, inclusive com intuito de diagnosticar o câncer.[1]
             A espectroscopia Raman se trata de uma técnica que usa uma fonte de laser, que ao atingir um objeto, é espalhada por ele, gerando luz de mesma energia ou de energia diferente da incidente. No primeiro caso, o espalhamento é chamado de elástico e não é de interesse, este é o chamado espalhamento Rayleigh[7]. Entretanto, o mais importante é o efeito inelástico (segundo caso), também conhecido como efeito Raman, que possibilita obter muitas informações importantes sobre a composição química do objeto em análise a partir dessa diferença de energia. Isto gera uma assinatura da composição química de cada material irradiada, também conhecido como fingerprint[7]. Segundo Michael Morris, professor de química da Universidade de Michigan nos Estados Unidos, "O Raman dá a você as 'impressões digitais' da molécula", explica. "Quando há uma doença, a composição química pode ser ligeiramente anormal ou muito anormal, dependendo da doença.".[1]
             Na prática, um feixe de radiação laser de baixa potência é usado para iluminar pequenas áreas do objeto de interesse e ao incidir sobre a área definida, é espalhado em todas as direções, sendo que uma pequena parcela dessa radiação é espalhada inelasticamente, isto é, com frequência (ou comprimento de onda) diferente da incidente (E = hν ou E = h.c.λ-1). O espalhamento inelástico pode ser subdividido em dois tipos: Stokes e anti-Stokes. O efeito Stokes ocorre quando as moléculas recebem a energia no seu estado fundamental, e o anti-stoke a molécula já está em estado excitado. [7] Efeito Raman também gera três modelos vibracionais nas moléculas: bend,symmetric or asymmetric strech;[7] Sendo o número de modelos vibracionais traduzidos pelas seguintes fórmulas matemáticas:3n-6 para moléculas não lineares, por exemplo: água (H2O) e 3n-5 para moléculas lineares, por exemplo gás carbônico (CO2), sendo n representa número de átomos da molécula.
              A banda de deslocamento Raman, a diferença de energia entre a incidida e a espalhada, é tipicamente descrita como wavenumber. A unidade mais usada é 1/cm, isso é equivalente a joule dividido por fator de conversão (hc), onde h é constante de Planck e c é a velocidade da luz.[7]
              Caso seja utilizado um microscópio óptico convencional no qual a objetiva tanto serve para focalizar o feixe incidente na amostra quanto para coletar a radiação que é espalhada por ela, tem-se a Microscopia Raman, a qual permite o estudo de áreas de até 1 μm (10-6 m)de diâmetro. O interessante é que a diferença de energia entre a radiação incidente e a espalhada corresponde à energia com que átomos presentes na área estudada estão vibrando e essa frequência de vibração permite descobrir como os átomos estão ligados, ter informação sobre a geometria molecular, sobre como as espécies químicas presentes interagem entre si e com o ambiente, entre outras coisas. É por esse motivo que essa ferramenta é tão poderosa, permitindo inclusive a diferenciação de polimorfos, isto é, substâncias que tem diferentes estruturas e, portanto, diferentes propriedades, apesar de terem a mesma fórmula química, como o massicote e litargírio, ambos óxidos de chumbo (PbO) porém com diferentes estruturas cristalinas (ortorrômbica e tetraédrica, respectivamente).
              Como não há somente um tipo de vibração, uma vez que geralmente as espécies químicas presentes são complexas, a radiação espalhada inelasticamente é constituída por um número muito grande de diferentes freqüências (ou componentes espectrais) as quais precisam ser separadas e ter sua intensidade medida. Cada espécie química, seja um pigmento, corante, substrato, aglutinante, veículo ou verniz, fornece um espectro que é como sua impressão digital, permitindo sua identificação inequívoca ou, por exemplo, a detecção de alterações químicas decorrentes de sua interação com outras substâncias ou com a luz.
                   Espectro Raman de células de câncer
                         de mama de camundongo.


              


              A análise por Espectroscopia Raman é feita sem necessidade de preparações ou manipulações de qualquer natureza, como pulverização por exemplo. Quando a amostra é muito grande, ela pode ser examinada através de um sistema especial de lentes ou através de fibras ópticas. Atualmente são comercializados tanto microscópios Raman dedicados quanto equipamentos convencionais que podem ter o microscópio como acessório e em ambos os casos a utilização de fibras ópticas é um recurso essencial quando o objeto analisado é muito grande para caber no compartimento de amostras ou quando seu transporte até o laboratório não é possível.
             A espectroscopia de Raman é comumente utilizada em química, visto que a informação vibracional é específica para as ligações químicas e simetria de moléculas. Por conseguinte, proporciona uma impressão digital através da qual a molécula pode ser identificada. Por exemplo, as frequências de vibração de SiO, Si 2 O 2 , e Si 3 O 3 foram identificadas e caracterizadas com base em análises de coordenadas normais utilizando espectros de infravermelho e Raman. [ 7 ] A região de impressão digital de moléculas orgânicas é no ( número de onda ) variam 500-2000 cm -1 . Outra forma que a técnica é utilizada é a de estudar alterações nas ligações químicas, como quando um substrato é adicionado a uma enzima.
            Este efeito vem sendo utilizado em várias áreas de interesse tais como: detecção de narcóticos e explosivos em aeroportos, caracterização de artefatos arqueológicos, análise de fluídos corpóreos em investigações forenses e também como ferramenta de pesquisa de vida em Marte.[7]
Área Química
            Na química de estado sólido e a indústria bio-farmacêutica, a espectroscopia de Raman pode ser usada para identificar não só (ID) ingredientes farmacêuticos activos (API), mas no caso de várias formas polimórficas, isto também pode ser utilizado para identificar a forma polimórfica da API. Por exemplo, existem quatro formas polimórficas diferentes da API ( aztreonam ) na Cayston , um medicamento comercializado pela Gilead Sciences para fibrose cística . Tanto a espectroscopia de infravermelho como de Raman podem ser utilizadas para identificar e caracterizar o API, que é usado na formulação de Cayston . Em formulações bio-farmacêuticas, deve-se usar não só a molécula correta, mas a forma polimórfica correta, como diferentes formas polimórficas têm diferentes propriedades físicas, por exemplo, a solubilidade, ponto de fusão, espectros de Raman e / infravermelhos.
              Vários projetos de investigação demonstraram o uso da espectroscopia Raman como um meio para detectar explosivos usando feixes de laser a uma distância segura. [ 7 ]
Área Física
               Em física do estado sólido, espectroscopia Raman espontâneo é usada para, entre outras coisas, caracterizar materiais, medir temperatura , e encontrar a orientação cristalográfica de uma amostra. Tal como acontece com moléculas individuais, um determinado material sólido tem características fônons modos que podem ajudar um experimentador a identificá-lo. Além disso, a espectroscopia de Raman pode ser utilizada para observar outras excitações de baixa frequência dos sólidos, tais como plasmonsmagnons, e gap supercondutor excitações. O sinal de Raman espontâneo dá informação sobre a população de um determinado modo de fonão da relação entre o Stokes (downshifted) intensidade e anti-Stokes (upshifted) intensidade.
              Espalhamento Raman por uma anisotrópica cristal dá informações sobre a orientação de cristal. A polarização da luz difusa de Raman no que diz respeito ao cristal e a polarização da luz de laser pode ser utilizado para encontrar a orientação do cristal, se a estrutura do cristal (para ser mais específico, o seu grupo de pontos ) é conhecido.
              A espectroscopia de Raman é a base para a detecção de temperatura distribuída (DTS) ao longo de fibras ópticas, que utiliza a retrodifusão em Raman deslocado de impulsos de laser para determinar a temperatura ao longo de fibras ópticas.
              Fibras ativas Raman, tais como aramida e carbono, têm modos de vibração que mostram uma mudança na frequência Raman com tensão aplicada. Polipropileno fibras também apresentam mudanças semelhantes. O modo de respiração radial é uma técnica utilizada para avaliar o diâmetro dos nanotubos de carbono. Em nanotecnologia, um microscópio de Raman pode ser utilizado para analisar os nanofios e compreender melhor a composição das estruturas.
Área Biomédica
              Espectroscopia Raman espacialmente deslocamento (SORS), que é menos sensível do que a superfície camadas de Raman convencional, pode ser utilizado para descobrir fármacos falsificados sem abertura das respectivas embalagens, e para monitorização não invasiva de tecido biológico. [7] A espectroscopia de Raman pode ser utilizada para investigar a composição química de documentos históricos, como o Livro de Kells e contribuir para o conhecimento das condições sociais e económicas, no momento, que os documentos foram produzidos. [7]Isto é especialmente útil porque a espectroscopia Raman oferece um modo não-invasivo para determinar o melhor curso de preservação ou conservação de tratamento para tais materiais.
               O espalhamento inelástico também pode ser utilizado na área biomédica, pois permite caracterização dos componentes celulares normais e alterados, podendo identificar núcleos, nucléolos, organelas, e tecidos patológicos como: desorganização epitelial, tanto na sua arquitetura ou orientação celular bem como composição bioquímica.[7] 
                Portanto, é uma arma importante para diagnóstico de lesões neoplásicas, e atualmente as assinaturas bioquímicas de alguns tipos de câncer já foram estabelecidas e vêm sendo utilizadas na prática clínica, podemos citar: Câncer de pulmão, cervix uterino, cólon retal, esôfago, tireoide, pele.[7]
            Analisadores de gases Raman tem muitas aplicações práticas. Por exemplo, eles são utilizados na medicina para a monitorização em tempo real de misturas de gases anestésicos respiratórios e durante a cirurgia.
             Espectroscopia Raman também tem sido utilizada para confirmar a previsão da existência de fonões de baixa frequência [7] em proteínas e DNA, estimulando grandemente os estudos de baixa frequência de movimento coletivo em proteínas e DNA e as suas funções biológicas. [ 7 ]
             Moléculas repórter Raman com olefinas ou alcino porções estão a ser desenvolvidos para permitir a imagiologia do tecido com SERS marcado com anticorpos. [ 7 ] 
             A espectroscopia Raman também tem sido usada como uma técnica não-invasiva para em tempo real, na caracterização bioquímica de cura de feridas in situ e análise multivariada dos espectros Raman permitiu uma medida quantitativa do progresso da ferida na cicatrização. [ 7 ] A espectroscopia Raman tem, ainda,  uma vasta utilização em estudos de biominerais.
Microespectroscopia
             Espectroscopia Raman oferece várias vantagens para microscópica análise. Uma vez que é uma técnica de espalhamento, as amostras não precisam ser fixas ou seccionadas. Os espectros de Raman podem ser recolhidos a partir de um volume muito pequeno (<1 um de diâmetro); estes espectros permitem a identificação de espécies presentes nesse volume. Água geralmente não interfere com a análise espectral Raman. Assim, a espectroscopia de Raman é adequada para o exame microscópico de minerais , materiais tais como polímeros e cerâmicas, células , proteínas e vestígios de provas forenses. Um microscópio de Raman começa com um microscópio óptico comum, e adiciona um laser de excitação, um monocromador, e um detector sensível (tal como um dispositivo de carga acoplada (CCD), ou fotomultiplicador tubo (PMT)). FT-Raman também tem sido utilizado com microscópios. Microscópios ultravioleta e óptica UV melhorada devem ser usados quando uma fonte de laser de UV é usada para microespectroscopia Raman. [7]
             Na imagem direta , todo o campo de visão é examinado para dispersar sobre uma pequena gama de números de onda (Raman muda). Por exemplo, um número de onda característico para o colesterol pode ser utilizado para registar a distribuição de colesterol dentro de uma cultura de células.
             A outra abordagem é imagem hiperespectral ou imagem química , em que milhares de espectros Raman são adquiridos de todo o campo de visão. Os dados podem então ser usados para gerar imagens que mostram a localização e quantidade de componentes diferentes. Tomando como exemplo a cultura de células, uma imagem hiperespectral poderia mostrar a distribuição de colesterol, bem como proteínas, ácidos nucleicos, e ácidos gordos. Técnicas de sinalização e de processamento de imagens sofisticadas podem ser usadas para ignorar a presença de água, meios de cultura, tampões, e outras interferências.
             Microscopia de Raman, e em particular, microscopia confocal, tem alta resolução espacial. Por exemplo, as resoluções foram laterais e profundidade de 250 nm e 1,7 mm, respectivamente, usando um microespectrômetro de Raman confocal com a linha de 632,8 nm de um laser de hélio-néon com um orifício de 100 um de diâmetro. Uma vez que as lentes objetivas de microscópio focarem o feixe de laser para vários micrômetros de diâmetro, o fluxo de fótons resultante é muito mais elevado do que os obtidos em instalações convencionais de Raman. Isto tem a vantagem de uma maior extinção da fluorescência. No entanto, o elevado fluxo de fótons pode também causar degradação da amostra, e por esta razão algumas configurações necessitam de um substrato termicamente condutor (que atua como um dissipador de calor), a fim de atenuar este processo.[7]
            Outra abordagem chamada de imagem Raman mundial [7] usa imagens monocromáticas completas em vez de reconstrução de imagens de espectros adquiridos. Esta técnica está sendo utilizada para a caracterização de dispositivos de grande escala, mapeamento de diferentes compostos e estudo dinâmico. Ele já tem sido utilizado para a caracterização de grafeno camadas,[7]corantes dentro J-agregados nanotubos de carbono [7] e vários outros materiais 2D como MoS2 e WSe2. Uma vez que o feixe de excitação é disperso ao longo de todo o campo de visão, estas medições podem ser feitas sem danificar a amostra.
             Microscopia Raman para os espécimes biológicas e médicas geralmente usa infravermelho próximo (NIR) lasers (785 diodos nm e 1064 nm Nd: YAG são especialmente comuns). Isto reduz o risco de danificar a amostra mediante a aplicação de comprimentos de onda mais elevados de energia. No entanto, a intensidade da NIR Raman é baixa (devido à ω 4dependência de espalhamento Raman intensidade), e a maioria dos detectores requerem tempos de coleta muito longos. Recentemente, detectores mais sensíveis tornaram-se disponíveis, tornando a técnica mais adequada para uso geral. Microscopia Raman de espécimes inorgânicos, tais como pedras e cerâmicas e polímeros, pode usar uma ampla gama de comprimentos de onda de excitação. [7]
Microscopia confocal de Raman
           A microscopia confocal de Raman refere-se à capacidade de filtrar o volume espacialmente na análise da amostra, no XY (lateral) e Z (profundidade) dos eixos. Para um design confocal de verdade, os limites de resolução espacial são definidos principalmente pelo comprimento de onda do laser e a qualidade do feixe de laser que é usado e do tipo de objeto microscópio selecionado e assim por diante. Para a mais alta resolução espacial, um bem adaptado alta ampliação da objetiva e visível excitação laser, muitas vezes, produzem os melhores resultados. Resolução espacial típica é da ordem de 0,5-1. [7]
           O primeiro microscópio confocal foi inventado em 1955 e patenteado em 1957 por Marvin Minsky, estudante de pós-doutorado da Universidade de Harvard (USA).
           A microscopia confocal pode ser associada a diferentes técnicas, tais como: Absorção, Reflexão, Transmissão, Emissão, Fotoluminescência, Fluorescência ou Espectroscopia Raman.[7]
           A sonda Microscópica Confocal é composta por fibras, lentes, espelhos, câmera e por uma objetiva. As fibras são responsáveis por guiar o laser até a sonda e também levar o sinal espalhado da amostra até o espectrômetro. As lentes e os espelhos são necessários para fazer o caminho óptico dentro do microscópio e o acoplamento dos sinais nas fibras e objetiva. A câmera serve para visualizar a superfície da amostra em análise. [7]
           O laser de titânio safira também é utilizado na espectroscopia do Raman dispersivo por fibra óptica com comprimento de onda de 785 nm, permite uma boa penetração da luz na pele, minimiza a fluorescência e não causa qualquer degradação térmica ou fotoquímica. A potência do laser focalizada sobre a amostra deve ser mantida a 50 mW, o que não destrói amostras biológicas. [7]
           A junção do microscópio confocal ao sistema Raman, permite em tempo real e com elevada especificidade, detectar alterações bioquímicas presentes em tecidos vivos, sem a necessidade de dissecação. Com isso, o espectro obtido fornece informações moleculares sobre a composição estrutural e bioquímica da amostra em estudo, assim fornecendo espectros característicos que podem ser utilizados tanto para fins diagnósticos  como terapêuticos. [7].
            Um exame com raios laser, que poderia ser realizado com aparelhos portáteis, poderá vir a substituir outros tipos de exames no futuro, oferecendo a médicos uma alternativa mais eficaz para o diagnóstico de doenças. A técnica de espectroscopia Raman pode ser útil na identificação de sinais iniciais de câncer de mama, cáries e osteoporose, entre outros males.
           A espectroscopia mede a intensidade e comprimento das ondas de luz dispersadas por moléculas e já é usada nas indústrias química e farmacêutica, e agora pesquisadores britânicos e norte-americanos estão investigando formas de usar o método no diagnóstico de doenças. A espectroscopia Raman poderá também ser usada como alternativa para a mamografia, exame usado para detectar sinais de câncer de mama, pois tal técnica poderá revelar tumores benignos ou malignos, dependendo das alterações na estrutura das proteínas e nas quantidades relativas de proteínas, gorduras e ácidos nucleicos no tecido.
            Os estudiosos acreditam que o sistema, mais rápido, preciso e barato do que os convencionais, pode estar disponível para esse uso dentro de cinco anos.

Referências

 

1.SILVA; Sebastião William da; VELOSO; Aline Bessa. Uso da técnica SERS para distinção entre células sadias e de câncer de mama e para avaliação dessas células após Terapia Fotodinâmica: um estudo in vitro. Instituto de Física; Universidade de Brasília, 2012.


 2. WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Agency for Research on Cancer.Globocan2012.

3. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2016. Incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2015.

4. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Atlas da Mortalidade. Disponível em: http://mortalidade.inca.gov.br/Mortalidade/. Acesso em: 11/11/2015.

5. ADAMI H., HUNTER, D. e TRICHOPOULOS, D. (editores) Testbook of Cancer Epidemiology. 2nd ed.: Oxford University Press, 2008.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Informática do SUS (Datasus). Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205 Acesso em: 11/12/2014.
7. FARIA, Dalva L. A. de. O que é Microscopia Raman, Boletim da Sociedade Brasileiira de Microscopia e Microanálise, Ano 10, fevereiro-março de 2007, p. 6-8. (http://www.sbmm.org.br/upload_arquivos/boletim_6_fevereiro_marco_2007.pdf




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