BIOMATERIAIS QUE
REGENERAM OSSOS
Conceição de Maria Vaz Elias
Doutoranda em Engenharia Biomédica da Universidade do
Vale do Paraíba.
O
crescimento da expectativa de vida da população em termos mundiais tornou
doenças relacionadas à estrutura óssea um problema de saúde pública, a partir
disto, busca-se formas para solucionar tais problemáticas. Um dos grandes
desafios para os estudiosos, é projetar e fabricar um arcabouço adequado que
permita que as células se multipliquem, diferenciem e originem tecidos e
órgãos. A fim de atingir a funcionalidade desejada do tecido ou órgão a ser
substituído, os estudos estão sendo realizados no intuito de projetar cuidadosamente este arcabouço
(SILVA; MARCIANO; LOBO, 2014).
Os
mais requisitados no mercado atual, são biomateriais, polímeros e os cerâmicos,
pois podem tanto substituir o tecido vivo sem função como também estimular o
crescimento de um novo tecido (PRETEL, 2005).
O
osso é um tecido conjuntivo especializado, vascularizado e dinâmico que se
modifica ao longo da vida do organismo. Quando lesado, possui uma capacidade
única de regeneração e reparação sem a presença de cicatrizes, mas em algumas
situações, devido ao tamanho do defeito, o tecido ósseo não se regenera por
completo (FARDIN et al., 2010).
Podem
ser necessários anos para se completar o processo de reparo biológico natural,
expondo o paciente a riscos e desconfortos, muitas vezes desnecessários. Na
tentativa de sanar estes inconvenientes, desenvolveram-se técnicas para sua
reconstituição, com objetivo de recuperar o contorno anatômico normal (MARZOLA
et al., 2012)
Ainda
as pesquisas tem o intuito de trazer soluções alternativas, tendo em vista, a
quantidade limitada de osso autógeno (compõe-se de tecidos do próprio
indivíduo) e dos riscos associados ao uso de osso alógeno (osso obtido de um
doador e usado em outro indivíduo) que estão sujeitas as rejeição,
contaminação, são de alto custo; os xenógeno, que é retirado de uma espécie e
transplantado em outra, que possui desvantagens, como incompatibilidade do
hospedeiro, potencial de contaminação de espécies, resultando na infecção do
sítio receptor, e o potencial de transmissão de doenças do doador para o
receptor do enxerto (PINTO et al., 2007;TEIXEIRA, 2012).
Conceitua-se
biomaterial, qualquer substância ou combinações de substâncias, sintética ou
natural, que possa ser usada por um período de tempo, completa ou parcialmente
como parte de um sistema que trate, aumente ou substitua qualquer tecido, órgão
ou função do corpo (AZEVEDO et al., 2007). Os melhores materiais para aumentos
ósseos não devem ser apenas substitutos ósseos, mas também materiais de
regeneração óssea, que envolvem uma completa reabsorção com a formação de novo
osso (ANTOUN; BOUK; AMEUR, 2008).
O
biomaterial “ideal”, dever ser,
biocompatível ou biotolerado, osteoindutor, osteocondutor, osteogênico, além de
permanecer no organismo por um tempo compatível para sua substituição por um
novo tecido ósseo; deve ser de fácil manipulação, esterilizável, facilmente
obtido, hidrofílico, econômico, não devendo atuar como substrato para a
proliferação de patógenos, não ser cancerígeno ou teratogênico e antigênico.
Contudo, nenhum biomaterial atualmente conhecido, possui todas as
características requisitadas (FARDIN et al., 2010).
A ciência que visa criar e aprimorar
novas terapias e/ou desenvolver novos biomateriais que restaurem, melhorem ou
impeçam o agravamento da função tecidual comprometida, chama-se bioengenharia
tecidual. Essa especialidade é multidisciplinar, e possui diversas aplicações, inclusive
em situações com grande perda de integridade tecidual resultante de traumas,
deformidades do desenvolvimento e doenças (YOUNG et al., 2007; TABATA, 2009).
Diversas técnicas podem ser utilizadas
para o processamento/ produção de nanobiomateriais compósitos, que visa à
associação de biomateriais, polímeros e cerâmicos. Dentre essas, o processo de
eletrofiação para a produção de mantas poliméricas, que apesar de ser
considerado como novo, tem como vantagem o fato de agregar as partículas
nanométricas aos polímeros para à melhora substancial das propriedades
mecânicas aumentando taxa de biodegradabilidade(SILVA; MARCIANO ; LOBO,
2014)
O processo de eletrofiação consiste
em, através da aplicação de alta tensão em uma solução polimérica, deslocar o
material através da atmosfera no sentido do campo elétrico gerado. Através
desta técnica, é possível produzir emaranhados de fibras poliméricas de ordem
de grandeza micro e nanométricas, as quais são de grande interesse como
biomateriais. (SHIN et al., 2012; SZENTIVANYI et al., 2011; TEO; RAMAKRISHNA,
2006 ).
A
estrutura que compõe a eletroficação, possui diversos itens, como; fonte de
alta tensão, reservatório (seringa de vidro), eletrodo (Haste metálica imersa
na solução polimérica, que é feita em cobre com suporte de teflon em uma de
suas extremidades, na qual é conectado o polo positivo da fonte), capilar (agulha
feita de metal) e coletor estático.
“O lado
inspirador, é humano da área de biomateriais é que milhões de vidas podem ser
salvas através deles e que a qualidade de vida de milhares de pessoas podem
ser melhoradas” (autor desconhecida)
Referências:
ANTOUN, H.;
BOUK, H.; AMEUR, G. Bilateral sinus graft with either bovine hydroxyapatite or
_ tricalcium phosphate, in combination with platelet-rich plasma: a case
report. Implant Dent., Baltimore, v.
17, no. 3, p. 350- 359, Sept. 2008.
AZEVEDO, V. V.
C. et al. Quitina e
Quitosana: aplicações como biomateriais. Rev.
Eletron. Mat. Proc., [S.l.], v.2.3 , p. 27- 34, 2007
FARDIN, A. C.,
et al. Enxerto ósseo em
odontologia: revisão de literatura. Innov.
Implant J. Biomater Esthet., São Paulo, v. 5, n. 3, p. 48-52, set./dez.
2010
MARZOLA,
C et al.. Os implantes de biomateriais- relato de casos. 2012. Disponível em: http://www.actiradentes.com.br/revista/2012/textos/19RevistaATO-Biomaterials_implantations-2012.pdf
PINTO,
J. G. C. et al. Enxerto autógeno x biomateriais no tratamento de fraturas e
deformidades faciais – uma revisão de conceitos atuais. RFO, Canoas, v. 12, n.
3, p. 79-84, set./ dez. 2007
PRETEL, H.
Ação de biomateriais e laser de baixa intensidade na reparação tecidual óssea.
Estudo histológico em ratos [Dissertação]. Araraquara: Faculdade de Odontologia
de Araraquara da Universidade Estadual Paulista; 2005.
SCHIFFMAN, J. D.; SCHAUER, C. L. A review:
electrospinning of biopolymer nanofibers and their applications. Polymer Reviews, v. 48, n. 2, p. 317-352,
2008.
SHIN, S.H.; PUREVDORJ, O.; CASTANO ,O.; PLANELL ,J.A;
KIM, H.W: A short review: Recent advances in electrospinning for bone tissue
regeneration. Journal of tissue engineering, V.3, 2012
SILVA, A. S.
; MARCIANO, F. R. ; LOBO, A. O. PRODUÇÃO DE NANOFIBRAS POLIMÉRICAS DE POLI
(BUTILENO ADIPATO CO-TEREFTALATO) COM NANOHIDROXIAPATITA INCORPORADA. In: XXIV
Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica – CBEB; 2014
TABATA, Y.
Biomaterial technology for tissue engineering applications. J. R. Soc. Interface, v.6, p.S311-324, 2009
TEIXEIRA,
F. B., Estudo de parâmetros de processo na eletrodeposição de Hidroxiapatita em
nanotubos de carbono verticalmente alinhados. São José dos Campos, 2012.
Trabalho de conclusão de curso.]
TEO WE, RAMAKRISHNA S: A review on electrospinning
design and nanofibre assemblies. Nanotechnology,
v.17:R89-R106, 2006
YOUNG, S. et
al. Oral and maxillofacial surgery. In: LANZA, R.; LANGER, R.; VACANTI, J.
Principles of Tissue Engineering. Elsevier,
3.ed. cap.71, p.1079- 1094, 2007
Logo abaixo, vídeo produzido pelas Doutorandas Conceição e Andrea Lopes, falando mais sobre os Biomaterias:
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