Fernanda Cláudia
Miranda Amorim
Queimadura é um evento considerado
complexo e de difícil tratamento, com alta taxa de morbimortalidade o que
determina um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Os
tratamentos tradicionais deste agravo são terapias de custo moderado a elevado
que envolvem pomadas tópicas e soluções com base antimicrobiana e cicatricial. Um
dos grandes desafios dos pesquisadores é encontrar novas formas de tratamento
que possibilite o reparo do tecido em menor tempo com baixo custo.
A maioria das queimaduras
normalmente ocorre em cenário de baixas condições socioeconômicas e com maior frequência
no ambiente doméstico ou de trabalho, envolvendo crianças. Quando se restringe
à demanda infantil, esta representa uma das maiores causas de morte entre
algumas faixas etárias, isto porque a criança se torna mais vulnerável por
desconhecer os riscos e danos deste acidente (OLIVEIRA et al , 2013)
Para Batista, Rodrigues e
Vasconcelos (2011) a queimadura é uma lesão tecidual causadas por agentes
térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. A sua ação atinge a pele desde a
epiderme, a camada mais superficial, e dependendo do agente causador ou grau de
queimadura, pode atingir camadas mais internas até os órgãos mais profundos.
Os
pacientes que sofrem queimaduras apresentam as mais diversas situações clinicas
evoluindo desde o acompanhamento ambulatorial até ao tratamento em unidade de
terapia intensiva, pois vários fatores devem ser considerados como as
complicações e resposta clinica do paciente (MACHADO, 2012).
Dentro
desse panorama desafiador, é fundamental a evolução do conhecimento para o
combate às queimaduras, compreendendo medidas e campanhas de prevenção,
tratamento no local do acidente, tratamento clínico e cirúrgico, entendimento das
complicações e das sequelas, aperfeiçoamento da reabilitação, retorno do
paciente ao convívio social e laboral normal como antes do acidente, e atenção
à qualidade de vida em todas as fases.
O
tratamento de queimaduras sempre foi um desafio, tanto pela sua gravidade, como
pela multiplicidade de complicações que normalmente ocorrem. A cura da
queimadura implica não somente em cirurgias de enxertia de pele precoces, mas
também em controlar e orientar a regeneração cicatricial, que tende a ocorrer
de forma anárquica e com potencial de sequelas e infecções (MENDES, 2009;
ANDRADE, 2011).
O
tratamento atual mais utilizado nas instituições públicas é Sulfadiazina de
prata a 1%, pomada tópica a base de composto de nitrato de prata e sulfadiazina
de sódio, esse terapia possui limitações no uso, uma vez que sua aplicação
diária requer a retirada total de seus resíduos da pele, o que promove
frequentemente um trauma local e e resulta em retardo da cicatrização.
Ferreira et al. (2003) referem que a
sulfadiazina de prata a 1% é um dos produtos mais utilizados no tratamento de
queimaduras, sendo recomendada em lesões de segundo e terceiro grau, possuindo
ação contra infecções causadas por bactérias gram-negativas e gram-positivas.
Outro
recurso utilizado para tratamento das queimaduras é a fototerapia. O laser
terapêutico envolve a aplicação de luz monocromática e coerente de baixa energia
em vários tipos de lesões, obtendo sucesso quando usada para induzir a cicatrização
da lesão (HAWKINS, 2005).
Para
Carvalho et al (2003) seu êxito deve-se a amplos efeitos sobre os diferentes
tecidos, entre os quais se destacam os efeitos trófico-regenerativos,
antiinflamatórios e analgésicos, os quais têm sido demonstrados em estudos
tanto in vitro como in vivo.
Atualmente
pesquisadores tem se preocupado em desenvolver e testar tipos variados de
substâncias e técnicas terapêuticas voltadas para a cicatrização de feridas, a
utilização da Membrana Amniótica Humana (MAh) tem sido utilizada na oftalmologia em reconstrução da superfície
ocular em substituição ao tecido conjuntival, onfalocele e na prevenção de
adesão tecidual em cirurgias da cabeça, laringe, abdômen, pélvis e vagina
(MOREIRA; OLIVEIRA, 2000).
Baradaran-Raffiet al. (2007) afirmaram que a MAh possui
várias propriedades básicas que comprovam a sua eficácia na epitelização e
cicatrização de feridas crônicas. Suas características celulares são benéficas
para transplante de reconstrução da superfície ocular, da conjuntiva e córneas,
além do transplante de gengivas, tendo em profundidade fins terapêuticos que
precisam ser estudados. Sabe-se que sua membrana basal serve como uma cama
segura e adequada para o crescimento de células epiteliais em diversas partes
do corpo humano.
A
MAh ou âmnio, é a camada mais interna da placenta, constitui-se de um epitélio
cúbico simples que reveste a membrana que entra em contato direto com o líquido
amniótico. A membrana basal é espessa, formada basicamente de colágeno tipo IV
e laminina. Ainda possui uma matriz estromal avascular, composta por tecido
conjuntivo frouxo e por fibroblastos (NICODEMO, et
al.,2014).
Segundo Baradaran-Raffi et al., 2007 a MAh pode funcionar como
uma barreira contra a infiltração de bactérias por recobrir à superfície da
ferida, reduzindo o risco bacteriano, em feridas cirúrgicas limpas, a
propriedade hemostática da MAh evita a formação de hematoma reduzindo acúmulo
microbiano e, assim, o risco de infecção.
Considerando
a importância de pesquisas que envolvam o tratamento de queimaduras, o
uso da fototerapia associada a novos biomaterias poderá
trazer inovações no tratamento das queimaduras, e possibilitar a redução do
tempo de tratamento bem como a redução dos custos em saúde.
REFERÊNCIAS
BARADARAN-RAFFI et
al. AmnioticTransplantation. Ophthalmic Research 2007; 2 (1):
58-75.
BATISTA, L.T.O.;
RODRIGUES, F.A. ; VASCONCELOS, J.M.B. Características clínicas e diagnósticos
de enfermagem em crianças vítimas de queimadura. Rev Rene, Fortaleza, 2011 jan/mar; 12(1):158-65.
CARVALHO, P. T.C. et al. Collagen fibrea analysis though computerized
morphometry in cutaneous wounds of rats submissed to laser radiation. Fisiot Bras. V.4, n.4, p. 253-258,
2003.
FERREIRA, E. et al. Curativo
do paciente queimado: uma revisão de literatura. Rev. Bras. Fisiot. V. 37, n.1, p.44-51, 2003
HAWKINS, O. A. Biological Effects of
hellium-neon laser irradiation on normal
and wounded human skin fibroblast. Photomed
Laser Surg v.23, p.251-259, 2005.
MOREIRA, H;
OLIVEIRA, C. S. de. Transplante de membrana amniótica. arq. bras. oftal. 63(4), /2000, p.
303-305.
NICODEMO, M. C. et al. Membrana
Amniótica em lesão tendínea induzida em tendão calcâneo de ratos: estudo piloto.
In: XVIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIV Encontro
Latino Americano de Pós Graduação, 2014, São José dos Campos. Ciência para um
planeta urbano, 2014
OLIVEIRA,
A. D, S. et al. Perfil de crianças vitimas de queimaduras atendidas em hospital
público de Teresina. R Inderd. V.6,
n.2 p. 8-14, 2013.
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