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UNIVAP - UESPI - Teresina

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

QUEIMADURAS E AS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO ATUAL

Fernanda Cláudia Miranda Amorim

Queimadura é um evento considerado complexo e de difícil tratamento, com alta taxa de morbimortalidade o que determina um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Os tratamentos tradicionais deste agravo são terapias de custo moderado a elevado que envolvem pomadas tópicas e soluções com base antimicrobiana e cicatricial. Um dos grandes desafios dos pesquisadores é encontrar novas formas de tratamento que possibilite o reparo do tecido em menor tempo com baixo custo.
A maioria das queimaduras normalmente ocorre em cenário de baixas condições socioeconômicas e com maior frequência no ambiente doméstico ou de trabalho, envolvendo crianças. Quando se restringe à demanda infantil, esta representa uma das maiores causas de morte entre algumas faixas etárias, isto porque a criança se torna mais vulnerável por desconhecer os riscos e danos deste acidente (OLIVEIRA et al , 2013)
Para Batista, Rodrigues e Vasconcelos (2011) a queimadura é uma lesão tecidual causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. A sua ação atinge a pele desde a epiderme, a camada mais superficial, e dependendo do agente causador ou grau de queimadura, pode atingir camadas mais internas até os órgãos mais profundos.
Os pacientes que sofrem queimaduras apresentam as mais diversas situações clinicas evoluindo desde o acompanhamento ambulatorial até ao tratamento em unidade de terapia intensiva, pois vários fatores devem ser considerados como as complicações e resposta clinica do paciente (MACHADO, 2012).       
Dentro desse panorama desafiador, é fundamental a evolução do conhecimento para o combate às queimaduras, compreendendo medidas e campanhas de prevenção, tratamento no local do acidente, tratamento clínico e cirúrgico, entendimento das complicações e das sequelas, aperfeiçoamento da reabilitação, retorno do paciente ao convívio social e laboral normal como antes do acidente, e atenção à qualidade de vida em todas as fases.
O tratamento de queimaduras sempre foi um desafio, tanto pela sua gravidade, como pela multiplicidade de complicações que normalmente ocorrem. A cura da queimadura implica não somente em cirurgias de enxertia de pele precoces, mas também em controlar e orientar a regeneração cicatricial, que tende a ocorrer de forma anárquica e com potencial de sequelas e infecções (MENDES, 2009; ANDRADE, 2011).
O tratamento atual mais utilizado nas instituições públicas é Sulfadiazina de prata a 1%, pomada tópica a base de composto de nitrato de prata e sulfadiazina de sódio, esse terapia possui limitações no uso, uma vez que sua aplicação diária requer a retirada total de seus resíduos da pele, o que promove frequentemente um trauma local e e resulta em retardo da cicatrização.
 Ferreira et al. (2003) referem que a sulfadiazina de prata a 1% é um dos produtos mais utilizados no tratamento de queimaduras, sendo recomendada em lesões de segundo e terceiro grau, possuindo ação contra infecções causadas por bactérias gram-negativas e gram-positivas.
Outro recurso utilizado para tratamento das queimaduras é a fototerapia. O laser terapêutico envolve a aplicação de luz monocromática e coerente de baixa energia em vários tipos de lesões, obtendo sucesso quando usada para induzir a cicatrização da lesão (HAWKINS, 2005).
Para Carvalho et al (2003) seu êxito deve-se a amplos efeitos sobre os diferentes tecidos, entre os quais se destacam os efeitos trófico-regenerativos, antiinflamatórios e analgésicos, os quais têm sido demonstrados em estudos tanto in vitro como in vivo.
Atualmente pesquisadores tem se preocupado em desenvolver e testar tipos variados de substâncias e técnicas terapêuticas voltadas para a cicatrização de feridas, a utilização da Membrana Amniótica Humana (MAh) tem sido utilizada  na oftalmologia em reconstrução da superfície ocular em substituição ao tecido conjuntival, onfalocele e na prevenção de adesão tecidual em cirurgias da cabeça, laringe, abdômen, pélvis e vagina (MOREIRA; OLIVEIRA, 2000).
Baradaran-Raffiet al. (2007) afirmaram que a MAh possui várias propriedades básicas que comprovam a sua eficácia na epitelização e cicatrização de feridas crônicas. Suas características celulares são benéficas para transplante de reconstrução da superfície ocular, da conjuntiva e córneas, além do transplante de gengivas, tendo em profundidade fins terapêuticos que precisam ser estudados. Sabe-se que sua membrana basal serve como uma cama segura e adequada para o crescimento de células epiteliais em diversas partes do corpo humano.
A MAh ou âmnio, é a camada mais interna da placenta, constitui-se de um epitélio cúbico simples que reveste a membrana que entra em contato direto com o líquido amniótico. A membrana basal é espessa, formada basicamente de colágeno tipo IV e laminina. Ainda possui uma matriz estromal avascular, composta por tecido conjuntivo frouxo e por fibroblastos (NICODEMO, et al.,2014).
Segundo Baradaran-Raffi et al., 2007 a MAh pode funcionar como uma barreira contra a infiltração de bactérias por recobrir à superfície da ferida, reduzindo o risco bacteriano, em feridas cirúrgicas limpas, a propriedade hemostática da MAh evita a formação de hematoma reduzindo acúmulo microbiano e, assim, o risco de infecção.
Considerando a importância de pesquisas que envolvam o tratamento de queimaduras, o uso da fototerapia associada a novos biomaterias poderá trazer inovações no tratamento das queimaduras, e possibilitar a redução do tempo de tratamento bem como a redução dos custos em saúde.



REFERÊNCIAS

BARADARAN-RAFFI et al. AmnioticTransplantation. Ophthalmic Research 2007; 2 (1): 58-75.

BATISTA, L.T.O.; RODRIGUES, F.A. ; VASCONCELOS, J.M.B. Características clínicas e diagnósticos de enfermagem em crianças vítimas de queimadura. Rev Rene, Fortaleza, 2011 jan/mar; 12(1):158-65.
CARVALHO, P. T.C. et al. Collagen fibrea analysis though computerized morphometry in cutaneous wounds of rats submissed to laser radiation. Fisiot Bras. V.4, n.4, p. 253-258, 2003.
FERREIRA, E. et al. Curativo do paciente queimado: uma revisão de literatura. Rev. Bras. Fisiot. V. 37, n.1, p.44-51, 2003
HAWKINS, O. A. Biological Effects of hellium-neon  laser irradiation on normal and wounded human skin fibroblast. Photomed Laser Surg v.23, p.251-259, 2005.
MOREIRA, H; OLIVEIRA, C. S. de. Transplante de membrana amniótica. arq. bras. oftal. 63(4), /2000, p.  303-305.

NICODEMO, M. C. et al. Membrana Amniótica em lesão tendínea induzida em tendão calcâneo de ratos: estudo piloto. In: XVIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIV Encontro Latino Americano de Pós Graduação, 2014, São José dos Campos. Ciência para um planeta urbano, 2014

OLIVEIRA, A. D, S. et al. Perfil de crianças vitimas de queimaduras atendidas em hospital público de Teresina. R Inderd. V.6, n.2 p. 8-14, 2013.




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