Lízia Daniela e Silva
Nascimento
A eletromiografia de
superfície tem grande importância clínica e utilidade nas pesquisas em
engenharia biomédica. É uma técnica que capta a atividade elétrica promovida
pelo recrutamento das unidades motoras, produzindo uma correlação entre o
número de unidades ativadas e a força muscular, apresentando, assim, uma maior
especificidade no tratamento de lesões musculares em atletas.
As lesões musculares são
bastante comuns em atletas, fato que estimula os pesquisadores na utilização da
eletromiografia como meio de evidenciar se a terapêutica adotada para
recuperação está sendo eficaz ou não.
Barroso e Thiele (2011)
afirmam que a maioria das lesões ocorre por alongamento
excessivo ou trauma direto no ventre muscular. Algumas estratégias de prevenção
de lesões têm sido postuladas para serem adotadas antes dos treinos tais como
aquecimento, alongamento ativo e alongamento passivo, porém há pouca evidência
sobre o real efeito benéfico dessas medidas na redução da incidência de lesões.
A lesão esportiva,
em geral, é descrita como afecção musculoesquelética, dor ou incapacidade para
treinos e/ou competições. Dentre as alterações musculoesqueléticas, estão
incluídas as fraturas, luxações, distensões musculares e entorses, que em sua
maioria estão diretamente relacionadas com erros de técnica, alongamento e
aquecimento insuficientes, além do uso de equipamentos inadequados e falta de
acompanhamento por profissionais qualificados. (PURIM et al, 2014).
As alterações que se apresentam
na musculatura após uma lesão, indiferente ao tipo de
lesão sofrida seguem sempre um mesmo padrão que podem ser didaticamente
divididas em três etapas: destruição, reparo e remodelamento. A fase de
destruição é caracterizada pela ruptura e necrose das fibras musculares,
seguida pela formação de um hematoma entre os cotos musculares rompidos e, logo
após, ocorre a reação de células inflamatórias (BARROSO; THIELE, 2011).
A lesão muscular
causada por uma contusão pode apresentar características diferentes, de acordo
com o estado do músculo no momento do trauma, se contraído ou relaxado. Estando
o músculo contraído a lesão é superficial, pois a energia absorvida pela
musculatura não atravessa todas as camadas, enquanto no músculo relaxado mais
camadas são atingidas, pois a força é transmitida até o osso pelas camadas
musculares (BARROSO; THIELE, 2011).
A propriocepção é o
mecanismo de percepção espacial que ocorre pela comunicação dos receptores
aferentes presentes em articulações, músculos, tendões e cápsulas articulares
com o sistema nervoso central, induzindo este a promover o reajuste necessário
para a manutenção do equilíbrio e realização adequada dos movimentos. Na
ocorrência de lesões musculoesqueléticas, as informações enviadas pelos
receptores aferentes serão modificadas, alterando, assim, a interpretação e a
velocidade das respostas neuromusculares (MARTINS et al, 2014).
Eletromiografia
é definida como o registro extracelular da atividade bioelétrica gerada pelas
fibras musculares. Pode ser realizada por meio de agulha, que capta a atividade
elétrica de poucas unidades motoras; ou por meio de eletrodo de superfície,
que mensura a atividade elétrica de várias unidades motoras ao mesmo tempo.
Além de detectar a ativação muscular, essa técnica possibilita uma boa
correlação entre o número de unidades motoras ativadas e a força muscular
(RESENDE et al, 2011).
A Eletromiografia tem como
objetivo analisar a atividade muscular averiguando o sinal elétrico que emana
do músculo e permitindo o registro do potencial de ação da unidade motora.
Constitui uma técnica de monitoramento da atividade elétrica das membranas
excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do sarcolema, como
efeito de voltagem em função do tempo. O sinal emitido pelo eletromiógrafo é o
resultado da somação algébrica de todos os sinais detectados em certa área,
podendo ser afetados por propriedades musculares, anatômicas e fisiológicas,
bem como pelo controle do sistema nervoso periférico e a instrumentação
utilizada para a aquisição dos sinais (SANTANA et al, 2013).
A
Eletromiografia de Superfície (EMGS) destina-se ao estudo dos fenômenos
bioelétricos que ocorrem nas fibras musculares esqueléticas durante o repouso,
o esforço e a contração máxima. São colocados eletrodos sobre a pele que
recobre o músculo a ser avaliado, os quais captam a soma da atividade elétrica
de todas as fibras musculares ativas. Caracteriza-se por ser não invasivo e de
fácil execução, permitindo a observação do comportamento eletrofisiológico de
diversos músculos em diferentes condições fisiológicas (NASCIMENTO
et al, 2012).
A eletromiografia é usada
para testar a velocidade de condução nervosa e para pesquisas cinesiológicas,
sendo os eletrodos de superfície geralmente considerados adequados para monitorar
grandes músculos superficiais ou grupos musculares. No entanto, não são
considerados seletivos o suficiente para registrar com precisão a atividade de
uma unidade motora isolada ou de pequenos músculos ou músculo profundo. Os
eletrodos de superfície podem ser classificados como monos polares e bipolares.
Mono polar, um eletrodo sobre o feixe, muscular de interesse e outro num ponto
não afetado pela atividade deste feixe, então se mede a diferença de potencial
entre os dois pontos. A diferença de potencial entre os dois eletrodos é
registrada através de um amplificador diferencial. O terceiro eletrodo é
utilizado para terreamento do paciente. O sinal registrado representa a soma
dos potencias individuais produzidos por todas as fibras nervosas ou musculares
ativadas (SANTANA et al, 2013).
Com o uso da EMG é possível
analisar um grupo muscular ou um determinado feixe muscular, captando de quais
fibras musculares provem os sinais, assim como o tempo de duração e a
intensidade. Desta forma, a EMG proporciona também o estudo da velocidade de
propagação dos potenciais de ação das unidades motoras (PAUMs), o que, no
tecido humano, dependerá do diâmetro das fibras musculares e da distância entre
estas, ou seja, da disposição geométrica das fibras musculares em cada unidade
motora (UM), para o sinal eletromiográfico, a amplitude do potencial de ação
vai depender do local de captação do sinal e das propriedades de filtragem dos
eletrodos utilizados (NODA et al, 2014).
O eletromiógrafo registra a
atividade elétrica presente no músculo em contração a qual é decorrente da ativação
neuromuscular. Esse registro é importante, uma vez que permite verificar o
comportamento eletro fisiológico do músculo em diferentes condições
fisiológicas, levando-se em consideração alguns aspectos tais como a
temperatura corpórea, idade, sexo e esforço (SANTANA et al, 2013).
Esse instrumento
tem sido cada vez mais usado em pesquisas científicas, porém ainda falta
consenso sobre vários aspectos na sua utilização. Posicionamento do sensor e
do paciente, número de contrações de fibras fásicas, tempo de contração de
fibras tônicas, necessidade de avaliação concomitante de musculatura
sinergista e possibilidade de utilização em situações especiais ainda devem ser
padronizadas (RESENDE et al, 2011).
As aplicações da
Eletromiografia de Superfície em atletas são amplas, a maioria das publicações
concentra o destino da técnica para o estudo da fadiga muscular localizada,
estando o segundo maior campo de utilização da técnica no estudo da produção de
força muscular. Vários autores têm estudado a função muscular mediante a
Eletromiografia de Superfície em situações de lesões musculares, demonstrando
ser o eletromiógrafo um instrumento que apresenta evidência e respaldo na comunidade
científica e, desta forma, incentivando o desenvolvimento de maiores estudos
acerca da ativação muscular em atletas
REFERÊNCIAS
BARROSO, G. C;
THIELE, E. S. Lesão muscular nos atletas. Revista
brasileira de ortopedia, n.45, v.4, 2011, p.354-358.
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NASCIMENTO, G.
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M. F. L; SILVA, H. J. Eletromiografia de superfície do músculo masseter durante
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NODA, D. K. G;
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estudos relativos à produção de força. Revista
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PURIM, K. S. M;
TISKI, A. C. K; BENTO, P. C. B; LEITE, M. N. Lesões desportivas e cutâneas em
adeptos de corrida de rua. Revista
brasileira de medicina do esporte, v. 20, n.4, jul.-ago, 2014, p.299-303.
RESENDE, A. P.
M; NAKAMURA, M. U; FERREIRA, E. A. G; PETRICELLI, C. D; ALEXANDRE, S. M;
ZANETTI, M. R. D. Eletromiografia de superfície para avaliação dos músculos do
assoalho pélvico feminino: revisão de literatura. Fisioterapia e Pesquisa, v. 18, n.3, São Paulo, jul.-set, 2011,
p.292-297.
SANTANA, G. H J;
BAZAN, M. A; RIGATTO, P. N. Avaliação de força do quadríceps em eletromiografia
em atletas do futsal masculino com idade entre 20 e 24 anos. Mundo Livre, Lins, ago. 2013.
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