turma animada e competente

turma animada e competente

UNIVAP - UESPI - Teresina

UNIVAP - UESPI - Teresina

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Texto sobre infiltrante

Resina infiltrante em estrutura dental submetida à erosão
Danyege Lima Araújo Ferreira

            As atividades direcionadas para a Saúde Bucal no Brasil, durante muito tempo, foram fragmentadas do Sistema único de Saúde (SUS), sendo dessa forma ofertadas de forma paralela à organização dos serviços de saúde, demonstrando baixo poder de resolubilidade e assim, sendo impossível de resolver os problemas de saúde bucal da população. Como consequência observou-se uma população com alta índice de cárie. Em 2004, com o lançamento da Política Nacional do Brasil Sorridente, as ações de odontologia passaram a ser integrada com os serviços de saúde, trabalhando a vigilância de saúde; com isso, atualmente, verifica um declínio da doença cárie, em países desenvolvidos, assim como no Brasil (SSBRASIL, 2010). Com a diminuição da doença cárie, tem-se observado o aparecimento de outras lesões bucais, uma vez que os dentes permanecem mais tempo na cavidade bucal, dentre essas lesões pode-se destacar a erosão (JAEGGI; LUSSI, 2006). Embora a prevalência das lesões de erosão variar amplamente na população, observa-se, em algumas pesquisas um aumento da sua incidência (DUGMORE; ROCK, 2013; SILAS et al, 2015). Dessa forma, esse tema tem ganhado importância nacional e deve ser abordado com atenção pela  comunidade científica e clínica visando a consolidação de um tratamento efetivo.
        A erosão pode ser definida pela perda irreversível e cumulativo do tecido dentário, devido à ação do ácido de origem intrínseca e/ou extrínseca e que pode ser agravada com o tempo, devido à interação com outros tipos de desgaste (BARTLETT, 20016; SILLAS et al, 2015). Nos estágios iniciais da lesão, há apenas uma desmineralização do esmalte sem perda estrutura dentária, sendo, portanto, passível de remineralização (LUSSI, et al; 2011). Para alguns autores, a terminologia “erosão” e “desgaste dentário erosivo” para permitir a diferenciação entre os dois aspectos do processo erosivo (SHELLIS et al, 2011). A erosão ocorre quando há uma perda da integridade estrutural e resistência mecânica causada pelo efeito ácido sobre a superfície dentária, enquanto que o desgaste dentário erosivo acontece devido ao efeito erosivo prolongado com repetidos eventos de amolecimento do esmalte (HUYSMANS; CHEW; ELLWOOD, 2011).
          Como pode ser observado a lesão de erosão além de apresentar diferentes estágios de desenvolvimento, também apresenta além da exposição dos ácidos outros fatores etiológicos, como: fatores químicos, biológicos, socioeconômico e comportamentais (MAGALHÃES, 2009; SALLAS et al, 2015). Dessa forma, as bebidas ácidas, como refrigerantes, sucos de frutas cítricas e uso de drogas ácidas, nem sempre podem causar a erosão, pois o seu aparecimento depende: do tipo da bebida ácida, do tempo e da frequência de exposição a essas substâncias (OKUNSERI, 2011), da anatomia dentária, da qualidade e quantidade da saliva presente (MAGALHÃES et al, 2009), da associação ou não com desafios mecânicos, como atrição e abrasão (LUSSI, JAEGGI, 2006).
          Muitos estudos têm sido direcionados a fim de entender o mecanismo de erosão e de prevenir sua formação ou conter a sua progressão (HONÓRIO et al, 2010; WANG et al, 2011). Porém existem poucos resultados conclusivos a respeito da prevenção desta condição clínica (LUSSI , 2006; WANG et al, 2011). A prevenção e o tratamento da erosão não é tão simples, principalmente quando envolve fatores comportamentais, uma vez que nestes casos o tratamento consiste na remoção da causa que na, maioria das vezes, não é seguida ou aceita (LUSSI; CARVALHO, 2014). Por esta razão, muitas pesquisas recomendam para prevenção e tratamento da erosão dentária o uso de vários componentes fluoretado (LUSSI; CARVALHO, 2014; GANSS et al, 2008). Portanto, há controvérsia na literatura quanto ao efeito do flúor na redução ou prevenção dessa condição clínica (SCHLUETER et al, 2009; AUSTIM et al, 2011).
          Dessa forma, alguns autores testaram a aplicação de selante resinoso de fossas e fissuras e/ou sistema adesivo sobre a estrutura dentária erodida para a formação de uma barreira mecânica entre o esmalte e a dentina contra a desafios subsequentes. Sendo que a maior parte desses estudos foi realizado em dentina, dessa forma quando o material resinoso (selante ou adesivo) é aplicado sobre a dentina observa-se uma maior infiltração e penetração nesta estrutura dentária. Este mecanismo chama-se de zona híbrida reforçada por resina, protegendo, assim a dentina contra a ação dos ácidos (AZZOPARDI et al, 2001; AZZOPARDI et al, 2004). Nesta pesquisa observou que embora, o sistema adesivo ter apresentado o efeito protetor no período de até três meses AZZOPARDI et al, 2004), a aplicação do selante resinoso apresentou resultados melhores com efeito protetor de noves meses (BARTLETT, SUNDARAM; MOAZZEZ, 2011).
         Atualmente foi lançado no mercado internacional uma resina de baixa viscosidade, com alto poder de penetração e fotopolimerizável, conhecida como infiltrante (MEYER-LUECKEL et al, 2006; PARIS, 2013). Esse produto foi desenvolvido para inibir a progressão da lesão cariosa por meio da formação de uma barreira de difusão no interior da lesão desmineralizada, substituindo o mineral perdido. Estudos comprovam a eficiência desse produto quanto a diminuição e/ou paralisação de lesões cariosas (MEYER-LUECKEL et al, 2006; PARIS, 2011). Apesar das diferenças existentes entre a lesão cariosa e a erosão dentária, considerando que o efeito de penetração do infiltrante tem mostrado mais eficiente que o sistema adesivo e selante (PARIS, 2013), esse material pode ser uma alternativa para o tratamento e/ou prevenção de lesões iniciais de erosão dentária (HONÓRIO et al, 2010; PARIS, 2013). Acredita que esse material possa ter a capacidade de penetrar na superfície hígida e na superfície erodida inicialmente, sendo essa previamente condicionada com ácido fosfórico, criando uma barreira mecânica, impedindo dessa forma, a ação do ácido na estrutura dentária e, consequentemente, inibindo ou paralisando a erosão dentária. Por outro lado, ainda é questionável até que ponto o condicionamento da superfície para que haja a penetração do infiltrante, poderia ser capaz de remover camada da estrutura dentária amolecida das lesões iniciais de erosão. Dentre deste viés, o infiltrante pode ser uma alternativa na lesão inicial de erosão, comparando a ação de penetração desse produto com o sistema adesivo e o selante resinoso em dentes com erosão.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.    AUSTIN, R.S. A qualitative and quantitative investigation into the effect of fluoride formulations on enamel erosion and erosion-abrasion in vitro. Journal of Dentistry. v. 39, n. 10, p. 648-655, 2011.
2.    AZZOPARDI, A., The measurement and prevention of erosion and Abrasion. Journal of Dentistry. v. 29, n. 6, p. 395-400, 2001.

3.     AZZOPARDI,  A. The surface effects of erosion and abrasion on dentine with and without a protective layer. British Dental Journal. v.196, n. 6, p. 351-354, 2004.

4.    BARTLETT, D. Intrinsic causesof erosion. Monogr. Oral SCI., v. 20, p.116-39, 2001.

5.    BARTLETT, D. SUNDARAM, G., MOAZZEZ. R. Trial of protective effect of fissure sealants, in vivo, on the palatal surfaces of anterior teeth, in patients suffering from erosion. Journal of Dentistry. v. 39, n. 1, p. 26-29, 2011.

6.    HONÓRIO, H. M. et al. Effects of erosive, cariogenicor combined erosive/cariogenic challenges on humanenamel: An in situ/ex vivo study Caries Research. v. 42, n 6, p.454-459, 2010.

7.    HUYSMANS, M. C.; CHEW, H. P.; ELLWOOD, R. P.; Clinical studies of dental erosion and erosive wear. Caries Research, v. 45, Supplement 1, p. 60-68, 2011.

8.    JAEGGI, T.; LUSSI, A. Prevalence, incidense and distribution of erosion. Monogr. Oral Sci., v.20, p,44-45, 2006.

9.    LUSSI, A. Erosive tooth wear — a multifactorial condition of growing concern and increasing knowledge. Monogr Oral Sci.v. 20, p.1-8, 2006.

10. LUSSI, A.; JAEGI, T. Chemical factors. Monogr. Oral Sci. V. 20, p. 77-87, 2006

11. LUSSI, A; CARVALHO, T. S. Erosive tooth wear: A multifactorial condition of growing concern and increasing knowledge Monographs in Oral Science, v. 25, p. 1-15, 2014.

12. MAGALHÃES, et al. Insights into preventive measures for dental erosion. J Appl. Oral Sci., v. 17, n. 2, p. 75-86, mar./apr. 2009.


13. MEYER-LUECKEL,  H., et al Influence of application time on penetration of an infiltrant into natural enamel caries. Journal of Dentistry. v. 39, n. 7, p. 465-469, 2011.

14. OKUNSERI, et al.. Erosive tooth wear and consumption of beverages among children in the United States. Caries Res, v. 45, n. 2, p.130-135, 2011.

15. PARIS, S. et al. Masking of white spot lesions by resin
infiltration in vitro. Journal of Dentistry. v. 41, Supplement. 5, p. 28-34, 2013.

          16.SALAS, M. M. Estimated prevalence of erosive tooth wear i permanent teeth of children and adolescents: an epidemiological systematic review and meta-regression analysis. J Dent. V. 43, N. 1, p.42-50, 2015.

          17.SCHLUETER, et al.Investigation of the effect of various fluoride compounds and preparations thereof on erosive tissue loss in enamel in vitro. Caries Research. v. 43, n.1, p.10-16, 2009.

          18.Wang P. et at. The prevalence of dental erosion and associated risk factors in 12-13-year-old school children in Southern China. BMC Public Health. v.10, 2011.

          19.SBBrasil. Brasil passa a integrar grupo de países com baixa prevalência de cárie. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/CNSB/sbbrasil/arquivos/projeto_sb2010_relatorio_final.pdf. Acesso em: 17 de dez. 2015.


.





Nenhum comentário:

Postar um comentário