Raimundo
de Barros Araújo Júnior
As
doenças cardiovasculares (DCV) representa importante problema de saúdepública,
sendo a principal causa de mortalidade no Brasil. Dentre as DCV, a doença
arterial coronariana (DAC) é a que tem grande prevalência e é a maior causa de
morbi mortalidade. O tratamento padrão ouro para a DAC é revascularização do
miocárdio, procedimento cirúrgico que apresenta risco de complicações (infecção incisões).Na
vanguarda da pesquisa o uso de fotobiomodulação através do LED (Light
EmittingDiode) tem se destacadopara cicatrização tecidual.
Atualmente a DCAé
a principal causa de morbidade e mortalidade mundial. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (WHO, 2003) e Associação Americana do Coração (AHA, 2004)
estima-se que 16,7 milhões no mundomorrem de doenças cardiovasculares a cada
ano.No Brasil, a DAC é responsável por aproximadamente um milhão de internações
e por 25% das mortes ocorridas anualmente, segundo dados do Ministério da
Saúde, representando elevados custos sociais e econômicos (OLIVEIRA, 2010).
Analisando os
dados SIH/DATASUS (Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de
Saúde), entre 2005 e 2007 foram realizadas 63.529 cirurgias de revascularização
do miocárdio em 191 hospitais brasileiros pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de
acordo com os estudos de Piegas et al. (2009). Trata-se de um procedimento de
alta complexidade o que requer grande nível de especialização de toda a equipe
que realiza o procedimento, bem como estrutura física adequada e tecnologia
avançada. Estima-se que, no Brasil, a mortalidade após a cirurgia de
revascularização do miocárdio, realizadas pelo SUS, seria de 8%.
A
revascularização do miocárdio como terapêutica para DAC é utilizada há mais de
40 anos ( Garland, 2003), tem como objetivo aumentar sobrevida, melhora sinais
e sintomas, levando ao paciente melhor qualidade de vida. Apesar de todos os avanços
com os cuidados pós operatórios, ainda há uma incidência importante de
complicações que aumentam a morbidade e mortalidade, comprometendo o sucesso do
tratamento, sendo a deiscência da sutura da esternotomia e safenectomia
complicações presente em aproximadamente 10% das intervenções cirúrgicas,
decorrem da falha no processo de cicatrização dessas incisões.
Atualmente
visando uma melhor cicatrização tem-se utilizado a fotobiomodulação com LED
como recurso terapêutico no processo de cicatrização, o que levaria há uma
diminuição do número de complicações e consequentemente na mortalidade.
LED é um diodo
semiconductor (junção P-N) que quando polarizado diretamente emite luz visível.A
terapia com LED envolve mecanismo de fotomodulação sem tempo de inatividade,
promovendo tratamento um tratamento seguro e indolor. Segundo a “qualquer dispositivo
semicondutor, que pode ser feito para produzir radiação eletromagnética por
recombinação radiativa na faixa de comprimento de onda de 180 nm a 1µm,
produzido principalmente pelo processo de emissão espontânea”. O comprimento de
onda é o fator determinante para a obtenção máxima das respostas fotoquímicas,
a absorção da luz por distintas moléculas de tecidos é específica à radiação do
comprimento de onda. Entretanto, a absorção do espectro no nível da célula ou
tecido é amplo por serem composta de muitas e também diferentes moléculas.
Outro elemento crucial existe entre o comprimento de onda e a profundidade de
penetração da luz.
Existem poucos
estudos sobre a profundidade de penetração real LED na literatura, por
conseguinte utilizamos os conhecimentos provenientes do LASER de baixa
potência. Assim sabemos que a penetração esta diretamente relacionada com o
comprimento de onda, ou seja, quanto menor comprimento menor penetração na
faixa que atuamos. O LED é um dispositivo que emite luz não coerente diferente
do LASER, porém coerência não desempenha papel essencial na interação laser
tecido.
A intensidade é
também importante e os LEDs são ideais neste respeito.
Sendo a terapia com LED eficaz, não invasivo, indolor e livre de efeitos
colaterais, fácil de aplicar e bem tolerado.
Seus efeitos
fisiológicos são decorrentes da cascata de sinalização celular desenvolvido
pelo estímulo luminoso que ocasiona mudança na homeostase celular, alterações
na ATP ou níveis de AMP cíclico, modulação da síntese de DNA e RNA,
modificações na permeabilidade da membrana, alcalinização do citoplasma e
despolarização da membrana celular, resultando numa sequência de eventos
essenciais para o processo de cicatrização de ferida, e outras respostas
favoráveis como aceleração do processo inflamatório, reabsorção edema e
regeneração nervosa.
A
fotoestimulaçãodo processo de cicatrização pode ser mediada por aumento da
proliferação de fibroblastos, metabolismo celular reforçada, maior síntese de
colágeno e transformação de fibroblasta em miofibroblastos. Na dor há uma
diminuição devido à liberação substâncias envolvidas na analgesia, como
endorfinas, óxido nítrico de prostaglandina, serotonina, além disso há diminuição da
inflamação, aumento da circulação sanguínea e redução da excitabilidade
nervosa.
Diante
de todos os benefícios da fotobiomodulação por LED no reparo tecidual, e das
sérias complicações decorrente das infecção em sítios cirúrgicos levando ao aumento
da morbimortildade dos pacientes , é importante que se avalie em estudos
clínicos a resposta do uso do LED no processo de cicatrização e prevenindo
complicações.
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