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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

ALTERAÇÕES CELULARES DO COLO UTERINO CAUSADAS PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM MULHERES

Magda Rogéria Pereira Viana


O Brasil é um país que sofre com os óbitos de mulheres causados por câncer de colo uterino. Um dos responsáveis por esse tipo de câncer é o Papilomavírus humano (HPV), que torna difícil sua descoberta se a mulher estiver assintomática. Existe uma forma para detecção precoce deste vírus que é através do teste com o ácido acético no momento da coleta de citologia oncótica, mas não mostram as alterações que o vírus pode causar nesse tecido. Outras possibilidades podem surgir como o teste de micronúcleo, a reação de cadeia de polimerase (PCR) e a espectroscopia Raman, para detectar as alterações que esse vírus pode causar nas células do colo uterino. 
O câncer no Brasil é um problema que ganha relevância pelo perfil epidemiológico que a doença vem apresentando, aumentando o espaço que este assunto conquista nas agendas técnicas e políticas de todas as esferas de governo. Com o conhecimento da situação dessa doença é possível estabelecer prioridades e designar recursos que sejam direcionados para a mudança positiva desse cenário na população brasileira. A vigilância de câncer destina-se, como em qualquer sistema de vigilância, a produzir informações para a tomada de decisões (BRASIL, 2012).
Dentre os tipos dessa doença, cita-se o câncer de colo uterino que é considerado um grave problema de saúde pública, por ser responsável por números significativos de morbimortalidade feminina com incidência que tem aumentado a cada ano, sendo que 80% dos novos casos ocorrem nos países em desenvolvimento. A ocorrência em mulheres mais jovens vem prevalecendo significativamente (BRASIL, 2014).
Um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de colo uterino é o Papiloma Vírus Humano (HPV), que é uma cepa viral que se instala na pele e mucosas genitais e evolui lentamente, afetando tanto mulheres quanto homens, sendo que nestes se dá de forma assintomática. O vírus é Capaz de provocar  tanto tumores benignos, que afetam a parte interna da boca e da garganta, quanto tumores malignos, como os cânceres de colo uterino (INCTHPV, 2013).
Para o Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2011), o HPV é um DNA-vírus da família Papillomaviridae, que acomete cerca de 600 milhões de pessoas no mundo.  Está associado, a 95% dos casos de câncer do colo do útero e 20 a 50% dos casos de câncer do pênis.  Em algum momento da vida, 75 a 80% da população brasileira  irá contrair algum tipo de HPV, aproximadamente 10 milhões de pessoas são portadoras do vírus e todo ano são esperados 700 mil novas casos de pessoas infectadas pelo vírus. 
Para a identificação desse vírus é possível a realização de testes que venham a detectar a modificação que o HPV pode causar nas células do colo uterino, dentre eles destacam-se o teste de micronúcleo, a PCR e a espectroscopia Raman.
Para Pinto, Baggio e Guedes (2005) e Nersesyan (2007), os micronúcleos são pequenos corpos que contém DNA, que são  formados por cromossomos inteiros ou fragmentos cromossômicos, que  não tem nenhuma conexão estrutural com o núcleo celular  e não estão  incluídos neste. Podem ser considerados marcadores morfológicos de lesão celular com potencial genotóxico de desenvolvimento neoplásico.
Segundo Stich e Rosin (1983), o Teste do Micronúcleo (MN) pode auxiliar no processo de indicação de lesão pré-neoplásica, pela medida da quantidade dessas alterações encontradas nas células com maior exposição a agentes mutagênicos. Conforme Andrade et al., (2005), esse teste é  considerado padrão ouro para avaliação citogenética de lesões que ocorrem no DNA e ajuda a monitorar os indivíduos frequentemente expostos aos fatores de risco que levam a sinais evidentes de alterações ou danos celulares.  
Através do teste de micronúcleo, é possível identificar anormalidades nos  núcleos dos tecidos que são alvos específicos de agentes carcinogênicos e  genotóxicos, nos quais os carcinomas se desenvolvem, é possível utilizá-lo como um método prático, rápido e de baixo custo para a detecção de grupos de risco e prevenção do câncer de colo uterino,  é o que afirma o estudo de Vilanova (2012). 
Em relação à PCR, esta é utilizada  em procedimentos científicos, para gerar mutagênese, na Biologia Molecular, na  preparação de fragmentos de DNA para clonagem,  na detecção de mutações, bem como, pode ser utilizada para identificar patógenos presentes em amostras como, a identificação de agentes como Cândida sp, Chlamydia trachomatis, vírus do Papiloma humano (HPV) e seus genótipos, HIV Vírus da Hepatite B.  A técnica da PCR foi desenvolvida por Kary Mullis, nos anos 80, que recebeu, em 1994, o prêmio Nobel. (PELT-VERKUIL; BELKUM;  HAYS, 2008). 
A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é um método muito sensível de análise que deve ser realizado com cuidadosamente para evitar contaminações que possam tornar errôneo ou inviabilizar o resultado, e  consiste em usar os mecanismos da replicação in vitro (WHITE, 1993). 
De acordo com Rapley (1996), primeiro extrai-se o material genético da célula ou outro material a ser estudado.  Normalmente o material extraído é o DNA (ADN), mas pode-se trabalhar com o RNA (ARN) em uma RT-PCR que é um desdobramento da PCR. 
De acordo com Vogel (2008), a espectroscopia Raman foi observada inicialmente na década de 1928, pelo cientista físico indiano Chandrasekhara Venkata Raman, esta técnica tornou-se nos últimos anos uma grande aliada da ciência no Brasil, em diversas áreas. Serve para ajudar pesquisadores na identificação da composição de determinado material indispensável para a produção de outros.
O cientista indiano observou,  que quando um feixe de luz intenso e de uma única cor atravessava um determinado objeto ou material, a luz espalhada mostrava uma série de novas linhas extremamente fracas, além da radiação de mesma frequência da luz incidente,  o que foi denominado de espalhamento inelástico da luz, isto é, com frequência (ou comprimento de onda) diferente da incidente. Esta técnica é aplicada diretamente sobre a amostra em questão, não sendo necessário fazer uma preparação especial no material. Além do mais, não há alteração na superfície que se faz a análise (VOGEL, 2008).
A espectroscopia Raman é normalmente utilizada nas áreas de química, física e biomédica. Na área biomédica permite caracterizar os componentes celulares alterados e normais, podendo identificar organelas, núcleos, nucléolos  e tecidos patológicos como: desorganização epitelial, tanto na composição bioquímica, como na arquitetura ou orientação celular (JERJES, 2011).
Para a análise por Espectroscopia Raman não há necessidade de manipulações ou preparações de qualquer natureza. Quando a amostra é muito grande, ela pode ser examinada a partir de fibras óticas ou de um sistema especial de lentes (FARIA, 1991).
Com advento de novas técnicas para detectar as alterações que esse vírus pode causar nas células do colo uterino. Essas podem contribuir para a observação dessas alterações, cada uma com sua peculiaridade, mas se completando, para a detecção precoce e posterior tratamento que deverá ser estadiado de acordo com a necessidade de cada caso. 


REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. G. et al. Micronúcleo: Um Importante Marcador Biológico Intermediário na Prevenção do Câncer Bucal. Revista Odonto Ciência – Fac. Odonto/PUCRS, v. 20, n. 48, abr./jun. 2005. 


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer – INCA. HPV e câncer – Perguntas mais frequentes. INCA: Rio de Janeiro, 2011. Disponível em:
<http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2687#topo>Acesso em: 15 dez  2015.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer – INCA. Incidência do Câncer no Brasil, estimativa 2014. Rio de Janeiro: INCA, 2012. Disponível em:< http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=326>. Acesso em: 15 dez 2015.


______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer - INCA. Câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2014. Disponível em:< http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=326> Acesso em: 23 fev 2014.


FARIA, D. L. A. Investigação Espectroquímica de Difosfato de Cloroquina e Difosfato de Primaquina, . Tese de doutorado em Química (Físico-Química) pela Universidade de São Paulo, USP, 1991.


INCTHPV - INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DAS DOENÇAS DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO Guia do HPV – Entenda de vez os papilomavírus humanos, as doenças que causam e o que já possível fazer para evitá-los. São Paulo: jul. 2013. Disponível em:<http://www.incthpv.org.br/upl/fckUploads/file/Guia%20do%20HPV%20Julho%202013_2.pdf>. Acesso em: 15 dez 2015.


JERJES, W. The future of medical diagnostics: review paper. Head & Oncology. v. 3, n. 38, 2011.


NERSESYAN,  A. K. Possible role of the micronucleus assay in diagnostics and secondary prevention of cervix cancer: a mini review. Tsitol Genet. v. 41, n. 5, p. 317-8, 2007.


PELT-VERKUIL,  E. V.; BELKUM,  A. V.; HAYS, J. P. Principles and Technical Aspects of PCR Amplification.  Springer Science & Business Media, 2008. ISBN 1-402-06241-9


PINTO,  A. P.; BAGGIO, H. C.; GUEDES, G. B. Sexually-transmitted diseases in women: clinical and epidemiological aspects and advances in laboratory diagnosis. Braz J Infect Dis. v. 9, n. 3, p. 241-50, 2005.


RAPLEY, R. PCR Sequencing Protocols. Humana Press, 1996. ISBN 0-896-03344-9


STICH, H. F.; ROSIN, M. P. Quantitating the synergistic effect of smoking and alcohol consumption with the micronucleus test on human buccal mucosa cells. International Journal of Cancer. v. 31, n. 3, p. 305-308,1983.


VILANOVA, L. B. et alDeterminação da Frequência de Alterações Citogenéticas, Através do Teste de Micronúcleo em Células Cervicais Uterinas de Pacientes Portadoras De HPV.  Vittalle, Rio Grande. v. 24, n. 1,  p. 19-25, 2012.


VOGEL, B. Espectroscopia Raman pressagia bem para detecção de explosivos impasse. 2008. 


WHITE, B. A. PCR Protocols: Current Methods and Applications. Springer Science & Business Media, 1993. ISBN 1-592-59502-2.

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