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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Efeito da Terapia a Laser de Baixa Intensidade (TLBI) e Calêndula officinalis no reparo de úlcera em pé diabético.



                                                                           Ana Flávia Machado de Carvalho


Diabetes Mellitus (DM) constitui um grupo de doenças metabólicas com prevalência da hiperglicemia, resultante da alteração da insulina. Como consequência há dificuldade no processo cicatricial, retardo na proliferação celular, redução do tecido de granulação e a redução na produção de fibras colágenas (OCHOA; TORRES; SHIREMAN, 2007; LIMA et al., 2014). De acordo com Moreira et al., (2011), a aplicação da Terapia a Laser de baixa intensidade (TLBI) vem sendo utilizada para acelerar o processo de reparo em tecidos distintos, de baixo custo e eficiente no tratamento de úlceras. Pode ser associada a terapias alternativas como os ácidos graxos essenciais (AGE) devido ao efeito cicatrizante de ambos.
         Segundo Hashimoto e Koga, 2010, O DM tipo II acomete, em média, 95% dos portadores da doença, predominando em indivíduos após os 40 anos de idade. Estar normalmente associado à obesidade pela diminuição do número de receptores da insulina.
Diabéticos mal controlados podem desenvolver a neuropatia diabética como complicação crônica. Constata-se que cerca de 50% dos diabéticos com mais de 60 anos sofrerão esta alteração, decorrente da perda da sensibilidade que pode resultar em traumas nos pés, podendo resultar em amputação (FERREIRA; VIEIRA; CARVALHO, 2010).
Nas internações por complicações diabéticas 62,4% do total de internados passam por cirurgia de amputação, prejuízo na qualidade de vida desse paciente e gerando elevação dos custos para o SUS (REZENDE et al., 2008).  A doença causa impacto econômico notadamente nos serviços de saúdecom custos crescentes com doença cardiovascular, diálise por insuficiência renal e cirurgia para amputação de membros inferiores (BRASIL, 2013B).
De acordo com Moreira et al., (2011) o emprego de fontes de luz de baixa potência como diodos emissores de luz (Light Emiting Diode- LEDs) ou Laser de baixa intensidade, pode ser um recurso terapêutico opcional aos métodos convencionais, ou ser utilizado em conjunto com terapias alternativas, com a vantagem do baixo custo e comprovada eficiência no tratamento de úlceras.
  A TLBI emite luz, ou seja, é uma forma de energia transmitida por partículas denominadas fótons. Quando o feixe incide sobre a superfície os fótons têm probabilidade de interagir com elétrons no átomo, excitando-o. O elétron remite fótons em um processo de relaxação (DE CAMPOS,1998).
         O laser produz radiação diferente da luz comum nos seguintes aspectos: Monocromaticidade, (comprimento de onda único, portanto tem uma frequência definida); Coerência (os picos e as depressões dos campos elétricos e magnéticos ocorrem ao mesmo tempo e na mesma direção); e Colimação (permanecem em feixe paralelo, não divergem) (LOW; REED, 2001).
           De acordo com Felice et. al (2009), a dose recomendada para promover o aumento no número de fibroblastos, da vascularização, da reepitelização e da quantidade de fibras colágenas deve situar-se entre 1 a 5 J/cm². Eles também verificaram importante redução na área das úlceras tratadas com laser AsGaAl (830nm).
           De acordo com Bertolini et al, (2011) o laser de baixa potência exerce efeitos biológicos nos tecidos através de uma energia luminosa, que se  transforma em energia vital, produzindo analgesia, ação anti-inflamatória dentre outras devido à aceleração da microcirculação provocada pelo equipamento.
             Desta forma, apresenta vantagens como método não invasivo, não farmacológico, indolor e com baixo índice de efeitos colaterais (LINS et al., 2010). Demonstra efeitos bioestimulatórios e vem sendo utilizado para o reparo de distintos tecidos. Foi visto que o seu uso acarreta proporciona aumento da circulação e síntese de colágeno pelos fibroblastos nos sítios da lesão (MOREIRA et al., 2011).
 Dentre as terapias alternativas que podem ser associados à TLBI, temos os ácidos graxos essenciais (AGE). A partir do início da década de 1970, foram realizados estudos demonstrando os efeitos dos AGE sobre a resposta imune devido à interferência no processo inflamatório, como nas alterações vasculares, quimiotaxia, adesão, diapedese, ativação e morte celular (HATANAKA ;CURY, 2007).
Existem diversos tipos de ácidos graxos, dentre eles a popularmente conhecida malmequer, Calêndula officinalis, muito comum no mediterrâneo. A utilização desse óleo, por via tópica, foi sugerida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por suas ações terapêuticas anti-inflamatórias e cicatrizantes, como terapia alternativa (BRASIL,2008).
Calêndula officinalis apresenta propriedades adstringentes, analgésica, antiabortiva, antifúngica, calmante, cicatrizante, reguladora de menstruação, anti-inflamatória, antisséptica, bactericida, tonificante, suavizante e refrescante para a pele. Costuma ser indicada em lesões superficiais como feridas e ulcerações dérmicas, queimaduras e escaras (PRISTO, 2013).
No Piauí são escassos os dados estatísticos referentes ao pé diabético. A cidade de Teresina tem hoje 5,6% de sua população acometida pelo DM, conforme diagnóstico médico (VIGITEL, 2014), muitos dos acometidos desconhecem as condições patológicas e suas complicações.
Portanto, a utilização da Terapia a Laser de baixa intensidade (TLBI) e sua combinação com a aplicação de AGE (óleo de calêndula) no tratamento de úlceras em pé diabético apresenta-se como uma nova proposta terapêutica, visando à cura dessas lesões, à melhoria na qualidade de vida dos indivíduos acometidos, bem como à diminuição dos custos assistenciais para seu tratamento no sistema de saúde.

Referências
BERTOLINI, G. R. F. et al. Avaliação funcional da nocicepção do joelho de ratos tratada com laser de baixa potência e natação. Revista brasileira medica do esporte, v. 17, n. 1, p. 45-48, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa n. 5, de 11 de dezembro de 2008. Determina a publicação da Lista de Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado. Diário Oficial da União, Brasília, 12 dez. 2008.

BRASIL. Ministério da saúde. Portal Brasil.Número de pessoas com diabetes aumenta 40% em seis anos. 2013B. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/ saude/2013/11/ número-de-pessoas-com-diabetes-aumenta- 40-em-seis-anos .   Acesso em: 18 març. 2014.

DE CAMPOS VALADARES, Eduardo; MOREIRA, Alysson Magalhães. Ensinando física moderna no segundo grau: efeito fotoelétrico, laser e emissão de corpo negro. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 1998, 15.2: 121-135.
FELICE, Thaís D; PINHEIRO, Alessandra R; MENCHIK, Elis Daiane S; SILVA, Ana Carolina D; SOUZA, Leidiany Spessotto; CAIRES, Cynthia Suzyellen A; ABEL, Aline; BARTMEYER, Carolina G; OLIVEIRA, Juliana G; ASSIS, Talita B; SILVA, Leide Aparecida; LOPES, Thiago F; FELIPPE, Lilian. Utilização do laser de baixa potência na cicatrização de feridas. Interbio. 2009; 3(2): 42-52.
FERREIRA, Marcus Castro; VIEIRA, Suzy Anne Tavares; CARVALHO, Viviane Fernandes de. Estudo comparativo da sensibilidade nos pés de diabéticos com e sem úlceras utilizando o PSSDÕ. Acta ortop. bras, 2010, 18.2: 71-74.
HATANAKA, E.; CURI, R. Ácidos graxos e cicatrização: uma revisão. Revista Brasileira de Farmacologia, v. 88, n. 2, p. 53-8, 2007.
HASHIMOTO, Kunihiko, et al. A1C but not serum glycated albumin is elevated because of iron deficiency in late pregnancy in diabetic women. Diabetes Care, 2010, 33.3: 509-511.
LOW, John; REED, Ann. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3.ed. São Paulo: Manole, 2001.
LIMA, Maria Amanda Correia, et al. RELATO DE EXPERIÊNCIA: TRATAMENTO ÚLCERA POR PRESSÃO EM PACIENTE EM CENTRO DE SAÚDE DA FAMÍLIA. In: 11º Congresso Internacional da Rede Unida. 2014.
LINS, R. D. A. U. et al. Efeitos bioestimulantes do laser de baixa potência no processo de reparo. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 85, n. 6, p. 849-55, 2010.

MOREIRA, F. F. et al. Laserterapia de baixa intensidade na expressão de colágeno após lesão muscular cirúrgica. Fisioterapia e pesquisa, v. 18, n. 1, p. 37-42, 2011.
OCHOA, Oscar; TORRES, Francis M.; SHIREMAN, Paula K. Chemokines and diabetic wound healing. Vascular, 2007, 15.6: 350-355.
PRISTO, I. CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS: FASES E FATORES DE INFLUÊNCIA. Acta Veterinaria Brasilica, v. 6, n. 4, p. 267-271, 2013.

REZENDE, Karla F., et al. Internações por pé diabético: comparação entre o custo direto estimado e o desembolso do SUS. Arquivo brasileiro de endocrinologia metabólica, 2008, 52.3: 523-530.

VIGITEL, BRASIL. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, 2014.


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